terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Fantasma de Canterville

Oscar Wilde

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Quando Mister Hiram B. Otis, o embaixador americano, adquiriu o Parque Canterville, não faltou quem o advertisse de que cometia uma loucura, porque na habitação apareciam, indubitavelmente, almas do outro mundo. Na verdade, o próprio Lord Canterville, cujo caráter era dos mais exigentes em escrúpulos, supusera seu dever assinalar o fato, chegado o momento de discutirem as condições do negócio. - Até nós mesmos tínhamos já muito pouca vontade de residir aqui - disse Lord Canterville - desde que a minha tia avó, a duquesa donatária de Bolton, desmaiou de terror (ela nunca pôde restabelecer-se desse abalo moral) quando as mãos de um esqueleto lhe assentaram nas espáduas, numa ocasião em que se vestia para o jantar. Devo igualmente dizer-lhe, Mr. Otis, que o fantasma tem sido visto por muitos membros ainda vivos da minha família, assim como pelo cura da paróquia, o Reverendo Augustus Dampier, agregado do Kingís College, em Cambridge. Depois do desgraçado acidente sucedido à duquesa, nenhum dos nossos criados novos quis manter-se a serviço, e Lady Canterville raramente conseguia conciliar o sono durante a noite por causa dos misteriosos ruídos vindos do corredor e da biblioteca. - Lord Canterville, - respondeu o embaixador - eu sou o comprador da propriedade e do fantasma pelo valor que lhes seja atribuído. Venho de um país moderno em que o povo tem tudo quanto o dinheiro pode obter. Não é certo que a nossa atrevida mocidade revoluciona o Velho Mundo? Não lhes arrebatam as melhores atrizes e prima-donas? Se existisse um fantasma na Europa, dentro em pouco o teríamos lá, estou convicto disso; ele seria exposto num dos nossos museus ou exibido nas ruas.

Apenas um trecho.

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