quinta-feira, 25 de novembro de 2010

OLHE DE NOVO

 

cosmossagan

__ Look again at that dot. That’s here. That’s home. That’s us. On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives. The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every “superstar”, every “supreme leader”, every saint and sinner in the history of our species lived there - on a mote of dust suspended in a sunbeam.

Carl Sagan.

LOU REED E O ÔNIBUS

Busload Of Faith

You can't depend on your family

You can't depend on your friends

You can't depend on a beginning

You can't depend on an end

You can't depend on intelligence

Ooohhh, you can't depend on a God

You can only depend on one thing

You need a Busload

of Faith to get by

Watch, baby

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

You need a Busload

of Faith to get by

You can depend on the worst always happening

You can depend on a murderer's drive

You can bet that if he rapes somebody

There'll be no problem having a child

And you can bet that if she aborts it

Pro-Lifers will attack her with rage

You can depend on the worst always happening

You need a Busload

of Faith to get by, yeah

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by, babe

Busload of Faith to get by

You can't depend on the goodly hearted

The goodly hearted made lampshades and soap

You can't depend on the Sacrament

No Father, no Holy Ghost

You can't depend on any churches

Unless there's a real estate you want to buy

You can't depend on a lot of things

You need a Busload of Faith to get by, wow

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

You can't depend on no miracle

You can't depend on the air

You can't depend on a wise man

You can't find them because they're not there

You can depend on cruelty

Crudity of thought and sound

You can depend on the worst always happening

You need a Busload of Faith

to get by, ha

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

Busload of Faith to get by

UM ÔNIBUS LOTADO DE FÉ:

Você não pode contar com a sua família

Você não pode contar com os seus amigos

Você não pode contar com um começo

Você não pode contar com um final

Você não pode contar com a inteligência

Ooohhh, você não pode contar com Deus

Você só pode contar em uma coisa

Você precisa de um ônibus lotado

de fé para sobreviver

Veja baby

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Você precisa de um ônibus lotado

de fé para sobreviver

Você pode contar com o pior sempre acontecendo

Você pode contar com o passeio de um assassino

Você pode apostar que se ele estuprar alguém

Não haverá problemas em ter uma criança

E pode apostar que se ela abortar

Ativistas Pró-Vida irão atacar com fúria

Você pode contar com o pior sempre acontecendo

Você precisa de um ônibus lotado

de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver, babe

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Você não pode contar com os corações bondosos

Corações bondosos fizeram chapéus para abajur e sabão

Você não pode contar com o Sacramento

Nenhum Pai ou Espírito Santo

Você não pode contar com nenhuma igreja

A não ser que seja um terreno que você queira comprar

Você não pode contar com muitas coisas

Você precisa de um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Você não pode contar com nenhum milagre

Você não pode contar com o ar

Você não pode contar com um homem sábio

Você não consegue encontra-los porque não estão lá

Você pode contar com a crueldade

Crueza de pensamento e som

Você pode contar com o pior sempre acontecendo

Você precisa de um ônibus lotado

de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

Um ônibus lotado de fé para sobreviver

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

BATMAN INCORPORATED

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O porra-louca Morrison em mais uma loucura que provavelmente vai ser muito boa.

RED HILL

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Sinopse: Shane Cooper é um jovem policial que se transfere para a pequena comunidade de Red Hill, onde espera começar com sua esposa grávida uma nova família. Mas quando chegam as notícias de uma fuga da prisão, os policiais do local entram em pânico, e o primeiro dia de Shane irá de mal a pior. Jimmy Conway é um assassino convicto que está buscando vingança. E agora, em meio a um terrível banho de sangue, Shane se verá obrigado a tomar a justiça em suas mãos se quiser sobreviver. Assista ao Trailer. Mais um oferecimento do Filmes com legenda. Clique na imagem.

PIERROT

José Marcelo

enfaixada

A mulher calou-se. Apertava o volante com tanta força que seus dedos estavam brancos demais, como mármore gelado.

__ O que você vai fazer? __ perguntou ela.

O homem desfigurado observava a casa nua através do pára-brisa imundo. Ele pegou a arma no porta-luvas e abriu a porta do carro com a mão enfaixada, manchada de sangue, trêmula. Saiu andando devagar pela estrada enlameada.

A mulher também desceu.

__ Isso vai dar em nada, a não ser dor __ disse ela.

A floresta à beira da estrada parecia uma mortalha, silenciosa e exalando um odor carregado, enquanto ambos se aproximavam da casa.

A mulher disse:

__ Vamos embora.

__ Não.

__ Não? Por que não?

__ Não. Só isso. Não.

__ Você quer morrer?

O homem olhou-a demoradamente, mas sem diminuir o passo, para que ela pudesse ver as cicatrizes, as marcas, a dor. Ela não pareceu abalar-se:

__ Isso não é motivo.

__ É o suficiente.

__ Eu te peço. Não faça isso. Não.

__

__ Você não tem medo?

__ Nada.

__ Como?

__ Antes eu sentia medo, raiva, vontade de chorar, um monte de coisas.  Sentimentos. Agora, agora eu não sinto nada.

__ Deixa pra lá, por favor, deixa pra lá. Esquece. Não faz isso. Eu te peço.

__ Você devia ter ficado no carro.

Ela parou. Começara a chover, uma chuva fina e fria. A chuva pesou sobre seus cabelos e ela ficou olhando-o entrar na casa.

Fechou os olhos e esperou pelo barulho dos tiros.

BUCK ROGERS

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Prepara-se para uma releitura espetacular do clássico herói da Sci-Fi: Buck Rogers. Pronto para encarar o novo século. Parceria The Centurions & Gibiscuits. Clique na imagem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A MORTE DO FAZEDOR DE FILMES

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__ Muito cedo eu percebi que o lugar mais emocionante do cinema é atrás da câmera.

Dino de Laurentis (1919 – 2010)

CINEMA E LITERATURA

Rubem Fonseca

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Os jovens, da minha geração, queriam ser poetas. Mas alguns sonhavam com a poesia porque o cinema era um sonho que parecia impossível. Hoje os jovens sonham, e se realizam, com o cinema. Eu sempre gostei de cinema, mas tornei-me apenas um cinéfilo. Só fui me envolver com essa atividade depois de ter escrito duas dúzias de livros. Mas o meu envolvimento tem sido como roteirista, não obstante eu deva confessar que gostaria também de ser diretor.
Já escrevi roteiros baseados em romances ou contos meus – A grande arte, O caso Morel, que infelizmente não foi terminado; Bufo&Spallanzani; Relatório de um homem casado e acabo de escrever o roteiro de Diário de um fescenino. Já escrevi roteiros originais (Stelinha, A extorsão) e, finalmente, escrevi roteiros baseados em romances dos outros – O homem do ano, baseado no livro O matador, de Patrícia Melo e dirigido por José Henrique Fonseca.
O que foi mais difícil?
O mais difícil é fazer um roteiro baseado em obra literária já publicada, como no caso de O homem do ano. Até nos casos em que eu mesmo havia escrito a obra literária, como Bufo&Spallanzani, o roteiro foi mais difícil de escrever. Se vocês perguntarem ao Jean-Claude Carrière, que já escreveu dezenas de roteiros, o que foi mais trabalhoso e difícil de fazer, o roteiro de The unbearable lightness of being, baseado no livro de Milan Kundera, ou o roteiro original de Le charme discret de la bourgeoisie, ele responderá que foi o roteiro baseado no romance do Kundera.  
Um roteiro é escrito várias vezes. Isso, aliás, é comum na feitura de textos literários em geral, principalmente na poesia. (Um poema nunca termina de ser escrito, ele é abandonado, como disse Valèry, o que vale para os textos literários também). Consta que Platão escreveu a primeira frase de A república cinqüenta vezes. Flaubert ficou trinta anos escrevendo A tentação de santo Antonio. Poderia citar dezenas de exemplos dessa fúria revisória, nos vários gêneros literários, mas toda citação excessiva de nomes, até em textos acadêmicos, é uma chatice.
Com os roteiros cinematográficos ocorre a mesma coisa, a diferença é que além do autor do roteiro, outras pessoas participam dessa revisão, quase sempre o diretor do filme, notadamente aqui no nosso país, e também o produtor. Isso aconteceu comigo, quando trabalhei, entre outros, com os Tambellini (pai e filho, em épocas diferentes), a Suzana Amaral, o Walter Salles, o Miguel Faria, e, mais recentemente, com o José Henrique Fonseca.
O que queremos todos nós envolvidos nesse processo?  Os mais pretensiosos (e todo aquele que quer criar alguma coisa deve ser "pretensioso", buscar o seu nível de excelência) querem realizar uma obra de arte. Wagner quando compôs suas óperas almejava alcançar aquilo que ele denominava Gesamtkunstwerk – a obra de arte completa, que englobasse a música, a poesia e o drama, a pintura, a arquitetura, a dança. Estávamos no século XIX e se alguma arte poderia megalomaniacamente dizer isso era a ópera.
Já existia uma coisa chamada "lanterna mágica", que havia surgido no século XVII, um foco de luz que iluminava placas de vidro pintadas à mão. Essas imagens eram projetadas numa parede branca e os temas representados estavam ligados à religião. Chamava a atenção tanto de adultos como de crianças. Certamente não era a Gesamtkunstwerk apregoada por Wagner.
Demorou algum tempo até que os irmãos Lumière – August e Louis – no fim do século XIX, 1895, criassem o cinematógrafo, uma espécie de ancestral da filmadora, movido a manivela, utilizando negativos perfurados para registrar o movimento. O cinematógrafo tornou possível a projeção de imagens para o público. Eram imagens em movimento, não aquela coisa parada da lanterna mágica.
Há mais de cem anos, em 28 de dezembro de 1895, ocorreu a primeira exibição pública das obras dos Lumière, no Grand Café, de Paris – A saída dos operários das usinas Lumière, A chegada do trem na estação, O almoço do bebê, O mar foram alguns dos filmes apresentados, que deixaram os espectadores atônitos. As produções eram rudimentares, e, como vimos, documentários curtos sobre a vida quotidiana, de dois minutos de projeção, filmados. A apresentação pública do cinematógrafo marcou oficialmente o início da história do cinema. Porém faltava uma coisa muito importante – o som.  Que somente apareceu três décadas depois, no final dos anos 20.
O invento dos Lumière se desenvolveu. Os cineastas, além dos documentários, partiram para a ficção. Surgiram Max Linder (que teria inspirado Chaplin) e outros comediantes, em vários paises. O americano Edwin S. Porter, em 1903, apresenta um trabalho pioneiro em a Vida de um bombeiro americano e, com O grande roubo do trem, inaugura o western.
Despontam então dois grandes nomes dos primórdios do cinema: George Meliés e David Griffith. Meliés nasceu na França em 1861 e morreu em 1938. Meliés foi um pioneiro na utilização de figurinos, atores, cenários e maquiagem, opondo-se ao estilo documentarista. Realizou os primeiros filmes de ficção, Viagem à lua e A conquista do Pólo, em 1902. O outro precursor é David Griffith, nascido nos Estados Unidos em 1875, onde morreu em 1948. No cinema foi o primeiro a tirar a câmera do tripé e a usar a montagem de uma maneira dinâmica e criativa. Com The birth of a nation (O nascimento de uma nação), de 1915, abriu caminho para a criação da indústria cinematográfica americana. (Dizem que Griffith visualizou o filme inteiro em sua mente e não escreveu um roteiro nem fez quaisquer anotações, mas eu não acredito nisso. Esta sentença "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão" é responsável por muita porcaria.) Com Intolerância, de 1916, Griffith fortaleceu o impulso dado com The birth...
Começaram a chamar o cinema de a Sétima Arte. Havia sido encontrada a almejadaGesamtkunswerk do Wagner? Sim? Não?
Não. O cinema era mudo, não tinha a poesia dos textos falados, nem a música, essas formas de arte da maior importância. Como poderia arrogar-se o direito àGesamtkunstwerk? Era um excesso de (bem-vinda) pretensão.
As primeiras experiências de sonorização, feitas por Thomas Edison, em 1889, são seguidas por Auguste Baron (1896) e por Henri Joly (1900), mas os seus sistemas ainda tinham sérias falhas de sincronização imagem-som. O aparelho do americano Lee de Forest, de gravação magnética em película (1907), que permitia a reprodução simultânea de imagens e sons, foi adquirido em 1926 pela Warner Brothers. A companhia produziu o primeiro filme com música e efeitos sonoros sincronizados – Don Juan, de Alan Crosland, e o primeiro com passagens faladas e cantadas, O cantor de jazz (1927), também de Crosland, com Al Jolson, grande nome da Broadway. E ainda o primeiro inteiramente falado, Luzes de Nova York, de Brian Foy (1928). No ano seguinte, 1929, o cinema falado já representava 51% da produção americana. Outros centros, notadamente França, Alemanha, Suécia e Inglaterra começaram a explorar o som. A partir de 1930, Rússia, Japão, Índia e os países da América Latina recorrem à nova descoberta. A adesão de quase todas as produtoras ao novo sistema abalou convicções, causou o afastamento de atores e diretores. A linguagem cinematográfica teve que ser reformulada. Diretores importantes, como Charlie Chaplin e René Clair, entre outros, resistiram, dizendo que o cinema não precisava da fala dos artistas. Mas os dois acabaram aderindo, como sabemos, não obstante o cinema falado de Chaplin seja muito inferior ao que ele fazia antes. Alguns de seus filmes, como A Countess from Hong Kong (1967)  eA King in New York (1957) são extremamente decepcionantes.
Durante a I Guerra Mundial, a produção de filmes concentra-se em Hollywood, na Califórnia, onde surgem os primeiros grandes estúdios. Dos anos 1930 até hoje a maior parte da produção mundial converge para Hollywood, mas muitos centros espalhados por todos os continentes produzem obras que merecem destaque.
Afinal, o que é o cinema, hoje? É chamado de a sétima arte, o que é correto. Mas ainda não podemos chamar o cinema de Gesamtkunstwerk, obra de arte completa. O cinema é, por enquanto, uma arte híbrida. E o problema principal é que o filme depois de algum tempo fica "datado", um bom filme antigo não é fruído com a mesma admiração, como ocorre com as outras boas obras de arte. Pode-se ouvir Mozart, ou reler o Dom Quixote, ou contemplar a capela Sistina com o mesmo prazer da primeira visita. No cinema, um filme antigo, com algumas raras exceções, pode ser visto apenas como curiosidade histórica. (Há casos de sofisticados cinéfilos que gostam e revêem filmes antigos, descobrindo novidades neles). Essa datação que o cinema sofre me parece ser o problema que exige que a sétima arte, ou "the industry", como os americanos a definem, seja um objeto de consumo renovado incessantemente. Pensem nisso, meus leitores do Portal Literal.
Para finalizar este artigo que já se estendeu demasiadamente, quero abordar a adaptação cinematográfica de obras literárias.
Antes de mais nada devo dizer que escrever para o cinema é diferente de qualquer outra forma de expressão escrita. Os elementos visuais são tão importantes quanto as descrições e diálogos. Como o investimento é muito grande, o roteiro tem que ser do agrado do produtor. E, como disse acima, o diretor também sempre interfere e o roteiro sempre passa por diferentes tratamentos, que levam em consideração uma porção de aspectos, um deles, talvez o mais importante, a aprovação do público. O escritor de ficção não tem que se incomodar com isso. Contudo, sem a imaginação dos roteiristas, boas histórias nunca são contadas no cinema. O cineasta e teórico russo Lev Vladimirovich Kulechov, que introduziu a arte da montagem, afirma em seu livro A arte do cinema que cinema é basicamente argumento e montagem, ou seja, as duas figuras mais importantes do filme são o roteirista e o montador. Eu concordo com ele, quanto à importância fundamental do roteirista, mas acredito que a figura do diretor é ainda mais importante. Reconheço que o cinema é, como diz a propaganda, "a maior diversão", que o cinema é a sétima arte. Ainda que não seja a obra de arte total é uma arte que usa as outras artes como suportes, da melhor maneira possível.
Mas, apenas para provocar, faço a seguinte pergunta: O que é mais importante como Arte, a palavra escrita – poesia, ficção, teatro – ou o cinema? Qual das duas pode atingir um nível de excelência mais elevado?
Que tal, apenas como exercício, compararmos as vantagens da literatura e as do cinema? Vamos, brevemente, examinar isso.
Vantagens da literatura:
1 - Polissemia e participação criativa. O David Neves, quando resolveu filmar a minha história Lúcia McCartney, disse-me que tinha a Lúcia "perfeita, exatamente como você a descreve no livro" e marcou um almoço nosso. A Lúcia, "exatamente como eu a descrevia no livro", segundo o David, era a Adriana Prieto, uma mulher jovem de cabelos louros, olhos azuis, lábios finos, um rosto bonito que lembrava as atrizes européias nórdicas. "Não é igualzinha?", perguntou o David. Evitei responder. Na verdade eu não descrevo a Lúcia na minha história, ela pode ser branca, mulata, negra, magra ou gorda. Porque essa é a grande riqueza da literatura, a participação do leitor, que preenche as lacunas deixadas pelo autor, do leitor que  usa a sua imaginação recriando a história que leu, reinventando os personagens. O cinema não permite isso. A Lúcia era, axiomaticamente, uma linda e elegante mulher loura de olhos azuis. O espectador não precisava (nem podia) usar a sua imaginação. O leitor compartilha do livro não apenas estética e emocionalmente, ele tem uma participação criativa. Ele sempre "reescreve" o livro, à sua maneira.
2 - Permanência. Vejam que tipo de reação despertam os filmes clássicos, Grifith, e outros. Eles ficam "datados".
3 - O filme necessita da palavra escrita, até o cinema mudo precisava. Lembram-se de Kulechov – argumento e montagem?
4 – Literatura é tão importante que diretores do mainstream, como Scorsese, Spielberg e outros, aconselham os diretores a lerem, por considerarem a leitura importante para o trabalho que realizam. Nenhum escritor aconselha outros escritores a irem ao cinema, por ser importante para o trabalho que fazem. Há uma frase interessante do escritor Gore Vidal que, além de romancista famoso escreveu vários roteiros. Vidal afirma: "Cinema é roteiro. Uma coisa é certa: o roteiro é fundamental para o filme. Assim como para o corpo humano uma boa e simétrica estrutura óssea é que vai permitir ao corpo ser bonito e atraente, no cinema isso é feito pelo roteiro". Cinema é argumento e montagem, estou repetindo Kulechov. Chaplin usava menos de dez por cento do que ele filmava, o resto era cortado na sala de montagem.
Vantagem do cinema:
Tem que haver uma razão para a popularidade do cinema.
Com exceção de alguns poucos ensaístas franceses rabugentos, não me lembro de nenhum escritor, músico, pintor que não goste de cinema, todo mundo gosta de cinema. Talvez porque, mesmo tendo por enquanto falhado em tornar-se aGesamtkunstwerk wagneriana, é a arte que mais se aproxima desse ideal, e talvez, um dia, venha a deixar de ser uma arte apenas híbrida para tornar-se uma arte completa.
Concluo, agora realmente, fazendo uma relação, breve – e arbitrária evidentemente – de filmes melhores e filmes piores do que a obra literária.
Alguns filmes melhores do que o livro:
Gone with the Wind ou E o vento levou. O filme dirigido por Victor Fleming é melhor do que o romance da Margareth Mitchell.
The Godfather. O filme de Francis Ford Coppola é melhor do que o livro do Mario Puzzo, do mesmo nome. 
Blade Runner. O filme de Ridley Scott é melhor do que o livro do criativo Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep? no qual se baseia. (Não usaram o nome do livro porque, para os produtores, não devia ser muito comercial).
Filmes piores do que o livro:
Eles são tantos, os filmes piores do que os livros, que seria cansativo arrolar todos aqui. Todos os filmes baseados em Homero, Proust, Kafka, Joyce (com uma ressalva), Tolstoy, Tchecov, Remarque, Victor Hugo, Poe, Thomas Mann, Hemingway, Fitzgerald, não importa a categoria literária, pode até ser romance policial como os de Wilkie Collins, Raymond Chandler, Dashiell Hammett são inferiores ao original literário.
Como sempre, existem exceções, filmes que mantêm o mesmo nível do original literário, como Berlin Alexanderplatz (Alfred Döblin/Fassbinder), The Dead(Joyce/Huston – a ressalva que fiz acima), entre outros.
Essas listas de filmes ocupariam um montão de páginas. Meus leitores do Portal Literal que façam as deles.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

KAKUSHI-TORIDE NO SAN-AKUNIN

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The Hidden Fortress Do diretor Akira Kurosawa.

A MARCA DA MALDADE

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Sinopse: Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com Hank Quinlan (Orson Welles), um corrupto detetive americano que utiliza qualquer meio para deter o poder. Para baixar, clique na imagem. Créditos para o pessoal do Filmes com Legenda.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O UNIVERSO STAR WARS

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Mapa de uma galáxia muito muito distante. Clique na imagem para ampliar. Vi no blog Doutor Caligari.

O ENTERRO DOS MORTOS

T.S. Eliot

poesia

Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
Frisch weht er Wind
Der Heimat zu
Mein Irisch Kind,
Wo weilest du?
''Um ano faz agora que os primeiros jacintos me deste;
Chamavam-me a menina dos jacintos."
- Mas ao voltarmos, tarde, do Jardim dos Jacintos,
Teus braços cheios de jacintos e teus cabelos úmidos, não pude
Falar, e meus olhos se enevoaram, eu não sabia
Se vivo ou morto estava, e tudo ignorava
Perplexo ante o coração da luz, o silêncio.
Oed' und leer das Meer.
Madame Sosostris, célebre vidente,
Contraiu incurável resfriado; ainda assim,
É conhecida como a mulher mais sábia da Europa,
Com seu trêfego baralho. Esta aqui, disse ela,
É tua carta, a do Marinheiro Fenício Afogado.
(Estas são as pérolas que foram seus olhos. Olha!)
Eis aqui Beladona, a Madona dos Rochedos,
A Senhora das Situações.
Aqui está o homem dos três bastões, e aqui a Roda da Fortuna,
E aqui se vê o mercador zarolho, e esta carta,
Que em branco vês, é algo que ele às costas leva,
Mas que a mim proibiram-me de ver. Não acho
O Enforcado. Receia morte por água.
Vejo multidões que em círculos perambulam.
Obrigada. Se encontrares, querido, a Senhora Equitone,
Diz-lhe que eu mesma lhe entrego o horóscopo:
Todo o cuidado é pouco nestes dias.
Cidade irreal,
Sob a fulva neblina de uma aurora de inverno,
Fluía a multidão pela Ponte de Londres, eram tantos,
Jamais pensei que a morte a tantos destruíra.
Breves e entrecortados, os suspiros exalavam,
E cada homem fincava o olhar adiante de seus pés.
Galgava a colina e percorria a King William Street,
Até onde Saint Mary Woolnoth marcava as horas
Com um dobre surdo ao fim da nona badalada.
Vi alguém que conhecia, e o fiz parar, aos gritos: "Stetson,
Tu que estiveste comigo nas galeras de Mylae!
O cadáver que plantaste ano passado em teu jardim
Já começou a brotar? Dará flores este ano?
Ou foi a imprevista geada que o perturbou em seu leito?
Conserva o Cão à distância, esse amigo do homem,
Ou ele virá com suas unhas outra vez desenterrá-lo!
Tu! Hypocrite lecteur! - mon semblable -, mon frère

Vi no zumbidownload.

FARGO

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__ That’s a fountain of conversation there, buddy. That’s a geyser.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Superman e Shazam: O Retorno de Adão Negro

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Sinopse: O desenho mostra Clark Kent entrevistando o garoto Billy Batson, que secretamente é o Capitão Marvel. Juntos, Superman e Capitão Marvel terão de enfrentar o vilão assassino Adão Negro. Assista ao Trailer.

Para baixar, clique na imagem e vá ao Filmes com legenda.

FINAL CLÁSSICO

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Butch Cassidy: Ready? OK, when we get outside and we get to the horses, whatever happens, just remember one thing… hey, wait a minute.
Sundance Kid: What?
Butch Cassidy: You didn’t see Lefors out there, did you?
Sundance Kid: Lefors? No.
Butch Cassidy: Oh, good. For a moment there I thought we were in trouble.

Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969)

BOARDWALK EMPIRE

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Sinopse: Adaptada por Terence Winter com base no livro Boardwalk Empire: The Birth, High Times e Corruption of Atlantic City, de Nelson Johnson, um advogado e agora juíz, a série é situada na década de 20, durante a Lei Seca. Centrada na figura de Enoch Johnson (Steve Busceni), mais conhecido pelo apelido de Nucky, a trama narra o surgimento dos cassinos e a luta entre gângsters e políticos. Nucky é o chefe do submundo local, aspirante à político, que usa seu poder para extorquir figuras públicas, abusar da lei e fortalecer o crime organizado. No elenco da série também estão Michael Pitt, Kelly MacDonald, Michael Shannon, Stephen Graham, Vincent Piazza, Aleksa Palladino, Paul Sparks, Shea Whigham, Anthony Laciura, Michael Kenneth Williams, Dabney Coleman, Michael Stuhlbarg e Paz de la Huerta. Produção de Martin Scorsese. Assista ao Trailer.

Clique na imagem para baixar e vá ao Filmes com legenda.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

THE WALKING DEAD

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Sinopse: Na trama, criada pelo quadrinista Robert Kirkman, um grupo de sobreviventes de um holocausto zumbi é conduzido pelo policial Rick Grimes (Andrew Lincoln) em busca de um local seguro para viver.

Para baixar o primeiro episódio, clique na imagem e vá ao Filmes com Legenda.

O MONSTRO DO PÂNTANO

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Clássico absoluto dos quadrinhos de horror.

A GENIALIDADE DA MULTIDÃO

Charles Bukowski

bukowski

Há bastante deslealdade, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para suprir qualquer exército em qualquer dia.
E O Melhor No Assassinato São Aqueles
Que Pregam Contra Ele.
E O Melhor No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E O MELHOR NA GUERRA
--FINALMENTE--SÃO AQUELES QUE
PREGAM
PAZ
Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam PAZ
Não têm paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidados com os Sabedores.
Cuidado
Com Aqueles Que
Estão SEMPRE
LENDO
LIVROS
Cuidado Com Aqueles Que Detestam
Pobreza Ou Que São Orgulhosos Dela
CUIDADO Com Aqueles Que Elogiam Fácil
Porque Eles Precisam De ELOGIOS De Volta
CUIDADO Com Aqueles Que Censuram Fácil:
Eles Têm Medo Daquilo Que Não Conhecem
Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantes Multidões; Eles Não São Nada Sozinhos
Cuidado
Com O Homem Comum
Com A Mulher Comum
CUIDADO Com O Amor Deles
O Amor Deles É Comum, Procura O Comum
Mas Há Genialidade Em Seu Ódio
Há Bastante Genialidade Em Seu
Ódio Para Matar Você, Para Matar
Qualquer Um.
Sem Esperar Solidão
Sem Entender Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Seja Diferente
Deles Mesmos
Incapazes
De Criar Arte
Eles Não Irão
Compreender Arte
Eles Vão Considerar Sua Falha
Como Criadores
Apenas Como Uma Falha
Do Mundo
Incapazes De Amar Completamente
Eles Vão ACREDITAR Que Seu Amor É
Incompleto
E ELES VÃO ODIAR
VOCÊ
E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta
Sua Mais Fina
ARTE

Vi em A Taverna do Bárbaro.