sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Madagascar 2
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Bode é preso acusado de tentar roubar carro na Nigéria
A polícia nigeriana prendeu um bode após seguranças alegarem que um bandido que estava em fuga havia se transformado no animal depois de tentar roubar um carro Mazda, de acordo com a emissora britânica "Sky News".
Segundo o porta-voz da polícia no estado de Kwara, Tunde Mohammed, os vigilantes relataram aos policiais que, enquanto estavam fazendo uma patrulha, eles viram duas pessoas tentando roubar um veículo.
De acordo com Mohammed, os seguranças contaram ainda que "perseguiram os criminosos, mas um deles escapou enquanto o outro se transformou em um bode".
Apesar da história surreal, o animal ficou detido na delegacia. "Não podemos confirmar a história, mas o bode está sob nossa custódia", afirmou Mohammed.
Em algumas partes da Nigéria, nação mais populosa da África, muitas pessoas acreditam em feitiçaria.
fonte: G1.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Sistemas operacionais e estilos de rock e metal
Quem faz se acha o tal, superior. Pode ser bonito e rápido, mas só poucos o agüentam.
Windows Vista - Black Metal
É muito pesado, e ninguém entende. Só os True que agüentam por mais de 10 minutos. Coisa do demo.
Windows XP - Heavy Metal
No inicio ele era pesado e as pessoas ficavam com o pé atrás, mas hoje todos têm em casa.
Windows 2000 - Rock Progressivo
Abriu novos caminhos, e o que se tem hoje se deve a ele.
Windows ME - Emo
É uma Merda, mas tem gente que gosta.
Windows 98 - Hard Rock
Já teve seus anos dourados, e ainda é idolatrado por muitos, mas hoje ninguém mais o vê.
Windows 95 - Blues Rock
Revolucionou a história, mas ninguém se lembra dele.
Windows 1.0|2.0|3.0 - Love Metal
Existiu, mas ninguém viu.
Unix - Rockabilly
Já fez bastante sucesso em mil novecentos e guaraná com rolha, e hoje só se vê na aula de história
Ubuntu | Kurumin - Punk
Ideal para quem está começando.
Slackware - Power Metal
Para iniciantes é um sacrifício, para os avançados é uma beleza. Quem curte idolatra, quem odeia passa longe.
Solaris - Alternativo
Alguém estava cansado do que tinha no mercado e criou algo novo.
Red Hat - Thrash Metal
Também teve seus anos dourados. Apesar de não ser mais o mesmo, ainda hoje tem uma grande legião de fãs.
FreeBSD - Gótico
Muitos já ouviram falar, mas poucos viram um de verdade.
Windows 7 - Industrial
Parece bom, mas ainda é Windows.
Windows Server - New Metal
Quem usa parece ser o tal, mas cobra pra fazer a metade, do que a concorrência faz de graça.
ví no whiplash.net
domingo, 25 de janeiro de 2009
frases de filmes: clube da luta
"Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. ... Nossa Guerra é a espiritual. Nossa Depressão, são nossas vidas. "
Pequena conversa com uma múmia, de Edgar Allan Poe
O banquete da noite precedente me abalara um tanto os nervos. Estava com uma forte dor de cabeça e sentia-me desesperadamente sonolento. Em vez de sair, portanto, para passar a noite fora, como tencionava, ocorreu-me que o que melhor poderia fazer, após saborear uma pequena ceia, era meter-me logo na cama.
Uma ceia, leve, sem dúvida. Gosto imensamente de queijo derretido com cerveja e torrada quente. Mais de uma libra de uma vez, porém, pode nem sempre ser aconselhável. Entretanto, não pode haver objeção material a duas. E realmente, entre duas e três, há apenas uma unidade de diferença. Arrisquei-me, talvez, a quatro. Minha mulher afirma que foram cinco — mas, certamente, confundiu duas coisas bem distintas. O número abstrato, cinco, estou disposto a admiti-lo; mas, concretamente, refere-se a garrafas de cerveja preta, sem as quais, a modo de tempero, aquele manjar deve ser evitado.
Tendo dessa forma concluído uma refeição frugal e colocado na cabeça meu barrete de dormir, com a suave esperança de gozar dele, até o meio-dia seguinte, repousei a cabeça no travesseiro e, graças a uma excelente consciência, mergulhei sem demora no mais profundo sono.
Mas quando teve a humanidade realizadas as suas esperanças? Não completara ainda meu terceiro ronco, quando a campainha da porta da rua começou a tocar violentamente e, depois, impacientes pancadas com a aldrava me despertaram incontinenti. Um minuto depois, e enquanto ainda esfregava os olhos, meteu-me minha mulher diante do nariz um bilhete, de meu velho amigo, o Dr. Ponnonner.
"Largue tudo imediatamente, meu caro e bom amigo, logo que receba este. Venha participar de nossa alegria. Afinal, depois de longa e perseverante diplomacia, obtive o consentimento dos diretores do Museu da Cidade, para examinar a Múmia. (Você sabe a que múmia me refiro ). Tenho permissão de desenfaixá-la e abri-la, se for preciso. Estarão presentes apenas poucos amigos — você é um deles — está claro. A Múmia acha-se agora em minha casa e começaremos a desenrolá-la, às onze horas da noite.
Sempre seu
Ponnonner".
Ao chegar à assinatura de "Ponnonner", senti que já me achava tão desperto quanto um homem necessita estar. Saltei da cama, num estado de êxtase, derrubando tudo quanto se encontrava em meu caminho; vesti-me com uma rapidez verdadeiramente incrível, e dirigi-me, a toda pressa, para a casa do doutor.
Ali encontrei reunido um grupo bem ansioso. Aguardavam minha chegada, com grande impaciência. A Múmia estava estendida sobre a mesa de jantar, e logo que entrei o exame dela foi começado.
Era uma das múmias trazidas, muitos anos atrás, pelo Capitão Artur Sabrestash, primo de Ponnonner, de um túmulo perto de Eleithias, nas montanhas da Líbia, a grande distância de Tebas, às margens do Nilo. As grutas nesse lugar, embora menos magníficas que os sepulcros de Tebas, despertam mais interesse, pelo fato de oferecerem maior número de ilustrações sobre a vida privada dos egípcios. A sala, donde fora retirado o nosso exemplar, era, dizia-se, riquíssima de tais ilustrações, estando as paredes inteiramente recobertas de pinturas a fresco e de baixos-relevos, enquanto estátuas, vasos e mosaicos de magníficos desenhos, indicavam a valiosa fortuna dos mortos.
A preciosidade fora depositada no museu, exatamente nas mesmas condições em que o Capitão Sabrestash a havia descoberto, isto é, o sarcófago estava intacto. Durante oito anos, assim permanecera, exposto apenas, externamente, à curiosidade pública. Tínhamos pois agora a Múmia completa à nossa disposição; e para aqueles que sabem quão raramente chegam intactas às nossas plagas as antiguidades, torna-se evidente, logo, que possuíamos razões de sobra, para congratularmo-nos por nossa boa sorte.
Aproximando-me da mesa, vi sobre ela, uma grande caixa, ou estojo, de quase sete pés de comprimento e talvez com três pés de largura, por dois e meio de profundidade. Era oblonga, mas sem forma de ataúde. Julgamos a princípio que o material empregado fora a madeira do alcômoro, contudo, logo ao cortá-lo, verificamos que era papelão, ou mais propriamente, papel comprimido, feito de papiro. Estava densamente ornamentada de pinturas, representando cenas funerárias e outros assuntos fúnebres, entre os quais serpeavam, nas mais variadas posições, numerosas séries de caracteres hieróglifos, significando, sem dúvida, o nome do falecido. Por felicidade, fazia parte do nosso grupo, o Sr. Gliddon, que não teve dificuldade em traduzir os caracteres, simplesmente fonéticos e representando a palavra Allamistakeo.
Não foi sem esforço que conseguimos abrir a caixa, sem danificá-la, mas tendo finalmente conseguido o que desejávamos, chegamos a uma segunda, em forma de ataúde, e de tamanho consideravelmente menor, que o da de fora, mas, semelhante a ela, exatamente, sob todos os aspectos. O intervalo entre as duas estava preenchido de resina que havia, até certo ponto, apagado as cores da caixa interna.
Ao abrir esta última (trabalho que executamos com bastante felicidade) demos com uma terceira caixa, também em forma de ataúde, e não se diferenciando da segunda em nada de particular a não ser no material de que era feita, de cedro, e ainda exalava o odor característico e altamente aromático dessa madeira. Entre a segunda a terceira e caixa, não havia intervalo, estando uma encerrada ajustadamente dentro da outra.
Removendo a terceira caixa, descobrimos o próprio corpo, que tiramos para fora. Esperávamos encontrá-lo, como de costume, enrolado em numerosas faixas, ou ligaduras de linho; mas, em lugar destas, encontramos uma espécie de bainha, feita de papiro, e revestida duma camada de gesso, densamente dourada e pintada. As pinturas representavam assuntos relativos a vários supostos deveres da alma, e sua apresentação a diferentes divindades, com numerosas figuras humanas idênticas, intentando representar, bem provavelmente, retratos das pessoas embalsamadas. Estendendo-se da cabeça aos pés, havia uma inscrição colunar ou perpendicular, em hieróglifos fonéticos, dando de novo seu nome e títulos de seus parentes.
Em volta do pescoço, assim desembainhado, havia um colar de contas coloridas e colocadas de modo a formar imagens de divindades, do escaravelho, etc., com o globo alado. Na parte mais delgada da cintura, havia um colar semelhante a um cinturão.
Retirando o papiro, encontramos a carne em excelente estado de preservação, sem nenhum odor perceptível. A cor era avermelhada. A pele rija, macia e lustrosa. Os dentes e os cabelos achavam-se em boas condições. Os olhos (parecia), tinham sido arrancados e substituídos por outros de vidro, muito bonitos e imitando perfeitamente os naturais, cem exceção da fixidez do olhar, um tanto acentuada. Os dedos e as unhas estavam brilhantemente dourados.
O Sr. Gliddon foi de opinião, em face do vermelho da epiderme, que o embalsamamento se efetuara, totalmente, por meio de asfalto; mas tendo raspado a superfície, com um instrumento de aço, e lançado ao fogo um pouco de pó, assim obtido, o odor de cânfora e de outras gomas aromáticas se tornou sensível.
Rebuscamos bem atentamente o cadáver, para encontrar as aberturas usuais, pelas quais são extraídas as entranhas, mas, com surpresa nossa, nenhuma descobrimos. Nenhum dos presentes, nessa ocasião, sabia ainda que não são raras de encontrar múmias inteiras, ou não cortadas. O cérebro era habitualmente retirado pelo nariz; os intestinos, por incisão ao lado; o corpo era em seguida, raspado, lavado e salgado; depois deixavam-no assim, durante várias semanas, quando começavam a operação de embalsamamento, propriamente dita.
Como não fosse possível encontrar nenhum sinal de abertura, preparava o Dr. Ponnonner, os instrumentos para a dissecação, quando observei, então, que já passava das duas horas. Por esse motivo todos concordaram em deixar para depois o exame interno, para a noite seguinte e já nos dispúnhamos a separar-nos, quando alguém sugeriu uma ou duas experiências com a pilha de Volta.
A aplicação da eletricidade a uma múmia velha de três ou quatro mil anos, pelo menos, era uma idéia se não bastante sensata, contudo suficientemente original e todos a acolhemos sem protesto. Com quase um décimo de seriedade e nove décimos de brincadeiras, dispusemos uma bateria no gabinete do Doutor e para lá levamos o egípcio.
Só depois do muito trabalho, foi que conseguimos pôr a nu algumas partes do músculo temporal, que se mostrou com menos rigidez pétrea, do que outras parte do corpo, mas que, como sem dúvida prevíramos, não dava indício de suscetibilidade galvânica, quando em contato com o fio.
Esta primeira experiência, de fato, pareceu decisiva e, com uma cordial risada ao nosso próprio absurdo, estávamos dando boa-noite uns aos outros, quando, casualmente, meus olhes fitaram os da múmia, e ficaram neles cravados de espanto. Meu breve olhar, na verdade, bastara para assegurar-me de que es glóbulos, que todos nós julgávamos de vidro e que, anteriormente, se distinguiam por certa fixidez estranha, estavam agora tão bem recobertos pela pálpebras, que só uma pequena parte da Túnica Albugínea permanecia visível.
Com um grito, chamei a atenção para e fato, que se tornou logo evidente a todos.
Não posso dizer que fiquei alarmado, diante do fenômeno, porque, no meu caso, "alarmado" não é bem o termo. É possível, porém, que, sem as cervejas pretas talvez me tivesse sentido um pouco nervoso. Quanto a meus companheiros, não tentaram ocultar o terror alarmante, que deles se apossara. O Dr. Ponnonner causava lástima. O Sr. Gliddon, graças a não sei que processo especial, tornara-se invisível. Creio que o Sr. Silk Buckingham não terá por certo a coragem de negar, que se arrastou de quatro pés para baixo da mesa.
Depois do primeiro choque de espanto, porém, resolvemos, como coisa natural, tentar, imediatamente, nova experiência. Nossas operações se dirigiram agora para o artelho do pé direito.
Fizemos uma incisão por cima da parte exterior do osso sesamoideum pollicis pedix e assim chegamos à raiz do músculo obdutor.
Reajustando a bateria, aplicamos então o fluido aos nervos expostos, quando, com um movimento de excessiva vivacidade, a Múmia, primeiro levantou e joelho direito, a ponto de pô-lo quase em contato com o abdômen, e depois, endireitando com inconcebível força, acertou um pontapé no doutor Ponnonner, tendo, com efeito, lançado este cavalheiro, como o dardo duma catapulta, pela janela lá embaixo na rua. Precipitamo-nos, en masse, para ir buscar os restos despedaçados da vítima, mas tivemos a felicidade de encontrá-la na escada, subindo numa pressa inconcebível, repleta da mais ardente filosofia e mais do que nunca convencida da necessidade de prosseguir nossa experiência com vigor e com zelo.
Foi a conselho seu, portanto, que fizemos, sem demora, uma profunda incisão, na ponta do nariz do paciente, enquanto o próprio doutor deitando mãos fortes sobre ele, punha-o em vibrante contato com o fio. Moral e fisicamente, figurativa e literalmente, o efeito foi elétrico. Em primeiro lugar, o cadáver abriu os olhos, e piscou com bastante rapidez, durante alguns minutos, como o faz o Sr. Barnus na pantomima; em segundo lugar, espirrou; em terceiro, sentou-se; Em quarto, agitou o punho diante do rosto do Dr. Ponnonner; em quinto, voltando-se para os Srs. Gliddon e Buckinghan, dirigiu-se-lhes, no mais puro egípcio, da seguinte maneira:
— Devo dizer-vos, cavalheiros, que estou tão surpreso quanto mortificado pela vossa conduta. Do Dr. Ponnonner, nada de melhor se poderia esperar. É um pobre toleirão, que nada sabe de nada. Tenho pena dele e perdôo-lhe. Mas vós, Sr. Gliddon, e vós Silk, que viajastes pelo Egito, e lá residistes, a ponto de poder crer que lá houvésseis estado desde o berço — vós, digo eu, que tanto vivestes entre nós a ponto de falardes o egípcio tão bem, penso, como escreveis vossa língua materna — vós, a quem sempre fui levado a olhar, como o amigo fiel das múmias — realmente, esperava de vós uma conduta mais cavalheiresca. Que devo pensar de vossa atitude tranqüila, vendo-me assim tão estupidamente tratado? Que devo supor de vós, consentindo que Fulano, Sicrano e Beltrano me arranquem dos meus caixões, tirem-me as roupas, neste clima miseravelmente frio?
Sob que aspecto (para acabar com isto), deve encarar o fato de estardes a ajudar e incitar esse miserável velhaco do Dr. Ponnonner a puxar-me o nariz?
Há de supor-se, sem dúvida, que, ao ouvir tal discurso, naquelas circunstâncias, todos nós corremos para a porta, ou caímos em violentos ataques histéricos ou mesmo desmaiamos todos. Uma destas três coisas, digo eu, era de esperar. De fato, cada uma dessas três maneiras de proceder poderia ter sido seguida. E, palavra de honra, não posso compreender como, ou por que foi, que não fizemos nem uma coisa nem outra.
Mas talvez, a verdadeira razão esteja no espírito deste tempo, que procede totalmente de acordo com a regra dos contrários, e é agora usualmente admitida como solução de todos os paradoxos e impossibilidades. Ou talvez, quem sabe, foi somente o ar excessivamente natural e familiar da Múmia, que destituía suas palavras de seu aspecto terrível. Seja o que for, os fatos são claros, e nenhum dos presentes demonstrou qualquer medo particular, ou pareceu acreditar que se houvesse passado qualquer coisa de especialmente irregular.
Quanto a mim, achava-me convencido de que tudo aquilo estava direito e simplesmente me coloquei do lado, fora do alcance do punho da múmia. O Dr. Ponnonner meteu as mãos nos bolsos das calças, fitou diretamente a múmia e ficou excessivamente vermelho.
O Sr. Gliddon cofiava suas suíças e ajeitava o colarinho da camisa. O Sr. Buckingham baixou a cabeça e meteu o polegar direito no canto esquerdo da boca.
O egípcio olhou-o, com expressão severa, durante alguns minutos, e disse, por fim, com escárnio:
— Por que não fala, Sr. Buckinghan? Ouviu ou não e que lhe perguntei? Tire o polegar da boca!
O Sr. Buckingham, em conseqüência, teve um leve sobressalto, tirou o polegar direito do canto esquerdo da boca e, a título de indenização, inseriu o polegar esquerdo, no canto esquerdo da abertura acima mencionada.
Não tendo conseguido arrancar uma resposta do Sr. Buckingham, a Múmia se voltou, de mau humor, para o Sr. Gliddon e, em tom peremptório, perguntou, em termos gerais, o que todos nós queríamos.
O Sr. Gliddon depois de grande demora, respondeu em termos fonéticos; e, não fosse a deficiência de caracteres hieroglíficos nas tipografias americanas, grande prazer me seria dado, em transcrever aqui, no original, todo seu excelente discurso.
Aproveito a ocasião para observar que toda a conversa subseqüente, em que a Múmia tomou parte, foi travada em egípcio primitivo, por intermédio (pelo menos no que se refere a mim e aos outros membros não viajados do grupo), dos Srs. Gliddon e Buckingham, como intérpretes.
Esses cavalheiros falavam a língua materna da Múmia com inimitável fluência e graça; mas não posso deixar de observar que (devido, sem dúvida, à introdução de imagens inteiramente modernas e, como é natural, inteiramente novas para o estranho) os dois exploradores foram, por vezes, forçados ao emprego de formas visíveis, para traduzir algum significado especial.
Em dado momento, por exemplo, o Sr. Gliddon não pode fazer o egípcio compreender a palavra "política", enquanto não esboçou sobre a parede, com um pedaço de carvão, um homenzinho de nariz cônico, cotovelos esburacados, de pé sobre um cepo, com a perna esquerda lançada para trás, o braço direito atirado para a frente, o punho fechado, os olhos girando pelo céu e a boca aberta, num ângulo de noventa graus. De modo bem igual, o Sr. Buckingham não conseguiria explicar a idéia absolutamente moderna de "whig", sem que (a uma sugestão do Dr. Ponnonner), empalidecendo, tirasse o chinó.
Facilmente se compreenderia que o discurso do Sr. Gliddon versou principalmente sobre os vastos benefícios, extraídos para a ciência, do desempacotamento e do escavamento, das múmias, desculpando-se, desse modo, por qualquer incômodo, que pudesse ter-lhe sido causado, pessoalmente, à Múmia chamada Allamistakeo; e concluindo com uma simples insinuação (pois mal podia ser considerada mais do que isso) de que, explicados agora esses pequenos pormenores, muito bem se poderia continuar a investigação pretendida. Nesse ponto o Dr. Ponnonner preparou seus instrumentos.
Relativamente às últimas sugestões do orador, parece que Allamistakeo teve certos escrúpulos de consciência, sobre cuja natureza não fui precisamente informado; manifestou-se, porém, satisfeito com a s desculpas apresentadas e, descendo da mesa, fez volta ao grupo, apertando a mão de todos.
Quando terminou esta cerimônia, ocupamo-nos, imediatamente, em reparar os danos infligidos ao sujeito pelo escalpelo. Costuramos o ferimento de sua têmpora, pusemos-lhe uma atadura no pé e aplicamos uma polegada quadrada de emplastro preto, na ponta do nariz.
Observou-se então que o Conde (era esse, parece, o título de Allamistakeo) teve um leve tremor, sem dúvida de frio.
O Doutor imediatamente encaminhou-se para o seu armário e logo voltou com uma casaca preta, pelo melhor figurino de Jenning, um par de calças de xadrez, azul-celeste, uma camisa de gingão cor de rosa, um colete de brocado com abas, um sobretudo branco, uma bengala de passeio com ganho, um chapéu sem aba, botinas de verniz, luvas de pele ce cabrito, cor de palha, um monóculo, um par de suíças e uma gravata cascata. Devido à disparidade de tamanho, entre Conde e o Doutor (sendo a proporção de dois para um), houve certa dificuldade em ajustar esses trajes à pessoa do egípcio: mas quando tudo se arranjou, podia-se dizer que ele estava bem vestido. O Sr. Gliddon lhe deu, portanto, o braço e levou-o a uma confortável cadeira, junto à lareira, enquanto o Doutor tocava imediatamente a campainha e ordenava fossem trazidos mais charutos e vinho.
A conversa em breve se animou. Muita curiosidade, sem dúvida, foi expressa, a respeito do fato, seu tanto quanto notável, de estar Allarnistakeo ainda vivo.
— Eu teria pensado — disse o Sr. Buckingham — que já faz muito tempo que o senhor está morto.
— Ora! replicou o Conde, bastante espantado. — Tenho pouco mais de setecentos anos de idade! Meu pai viveu mil e não se achava de modo algum caduco, quando morreu.
Seguiu-se então uma rápida série de perguntas e cálculos, por meio dos quais se tornou evidente que a Antigüidade da Múmia fora erroneamente estimada. Já se haviam passado cinco mil e cinqüenta anos e alguns meses, desde que fora ela depositada nas catacumbas de Eleithias.
— Mas minha observação — continuou o Sr. Buckingham — não se refere à sua idade, por ocasião do enterro (quero crer de fato, que o senhor é ainda um homem moço) e minha alusão foi à imensidade de tempo durante o qual, segundo sua própria explicação, o senhor tem estado empacotado em asfalto.
— Em quê? — perguntou o Conde.
— Em asfalto — repetiu o Sr. Buckingham.
— Ah! sim; tenho uma fraca noção do que o senhor quer dizer; de certo isso poderia dar resultado, mas no meu tempo empregava-se raramente outra coisa que não fosse o bicloreto de mercúrio.
— Mas o que especialmente não achamos jeito de compreender — disse o Dr. Ponnonner — é como acontece que, tendo morrido e sido enterrado no Egito, há mais de mil anos, esteja o senhor hoje aqui vivo e parecendo tão magnificamente bem.
— Se eu estivesse morto, como o senhor diz — replicou o Conde — é mais que possível que morto ainda estaria, pois percebo que os senhores estão ainda na infância do galvanismo e não podem realizar com ele o que era coisa comum entre nós, antigamente. Mas o fato é que sofri um ataque de catalepsia e meus melhores amigos acharam que eu estava morto, ou deveria estar. De acordo com isso, embalsamaram-me imediatamente.
Suponho que os senhores tem conhecimento do principal mestre do processo de embalsamamento.
— Bem, não totalmente.
— Ah! percebo... deplorável estado de ignorância! Muito bem, não posso entrar em pormenores neste momento, mas é necessário explicar, que embalsamar (propriamente falando), no Egito, era paralisar indefinidamente todas as funções animais sujeitas a este processo. Uso a palavra "animais", no seu sentido mais lato, como incluindo não só o ser físico, como o ser modal e vital. Repito que o primeiro princípio do embalsamamento consistiu, entre nós. na paralisação imediata e na manutenção perpétua em suspenso, de todas as funções animais, sujeitas ao processo.
Para ser breve, em qualquer estado em que se encontrasse e indivíduo, no período de embalsamamento, não permaneceria vivo. Ora, como tenho a felicidade de ser do sangue do Escaravelho, fui embalsamado vivo, como os senhores me vêem agora.
— O sangue do Escaravelho! — exclamou o Dr. Ponnonner.
— Sim. O Escaravelho era o emblema, ou as "armas" duma distintíssima e pouco numerosa família patrícia. Ser "do sangue do Escaravelho" é apenas ser um dos membros daquela família de que o Escaravelho é o emblema. Estou falando figurativamente.
— Mas que tem isso com o fato de estar vivo o senhor?
— Ora, é costume geral no Egito, antes de embalsamar um cadáver, extrair-lhe os intestinos e os miolos; só a raça dos Escaravelhos não se conformava com esse costume. Portanto, não tivesse eu sido um Escaravelho, e me haveriam extraído intestinos e miolos, e sem uns e outros é inconveniente viver.
— Entendo — disse o Sr. Buckingham — e suponho que todas as múmias intactas, que nos têm chegado às mãos, são da raça dos escaravelhos.
— Sem dúvida alguma.
— Eu pensava. — disse o Sr. Gliddon, com timidez que o Escaravelho era um dos deuses egípcios.
— Um dos egípcios quê? — perguntou a Múmia, dando um salto.
— Deuses! — repetiu o viajante.
— Sr. Gliddon, estou realmente atônito por ouvi-lo falar neste estilo — disse o Conde, tornando a sentar-se. Nenhuma nação, sobre a face da terra, jamais conheceu senão um único Deus. O Escaravelho, o íbis, etc., eram entre nós (o que outros seres têm sido para outras nações) os símbolos, ou intermediários, através dos quais prestávamos culto ao Criador, demasiado augusto para que dele nos aproximássemos de mais perto.
Houve aqui uma pausa. Finalmente, reatou-se a conversa pelo Dr. Ponnonner.
— Não é impossível, então, pelo que o senhor acaba de explicar — disse ele — que entre as catacumbas, perto do Nilo, possam existir outras múmias da tribo do Escaravelho, em condições de vitalidade.
— Não pode haver dúvida alguma a respeito — respondeu o Conde. — Todos os Escaravelhos embalsamados, acidentalmente, quando ainda vivos, estão vivos. Mesmo alguns dos que foram propositadamente assim embalsamados podem ter sido esquecidos pelos seus executores testamentários e ainda permanecem nos túmulos.
— Quer ter a bondade de explicar — perguntei eu, o que quer o senhor dizer com "propositadamente assim embalsamados"?
— Com grande prazer — respondeu a Múmia, depois de me haver examinado à vontade, através de seu monóculo, pois era a primeira vez que me aventurara a fazer uma pergunta direta.
— Com grande prazer — disse ele. — A duração habitual da vida de um homem, no meu tempo, era de quase oitocentos anos. Poucos homens morriam, a não ser em virtude do mais extraordinário acidente, antes dos seiscentos anos; poucos viviam mais do que uma década de séculos; mas oitocentos anos eram considerados o termo natural.
Depois da descoberta do princípio do embalsamamento, como já descrevi aos senhores, ocorreu a nossos filósofos que se poderia satisfazer uma louvável curiosidade e. ao mesmo tempo, fazer avançar os interesses da ciência, vivendo-se esse termo natural a prestações.
Relativamente à ciência histórica, de fato, a experiência demonstrava que algo dessa natureza era indispensável. Tendo por exemplo um historiador atingido a idade de quinhentos anos, escrevia um livro, com grande trabalho, e depois fazia-se embalsamar, com todo o cuidado, deixando instruções a seus executores testamentários pro tempore, para que o fizessem reviver, depois de certo lapso de tempo — digamos quinhentos ou seiscentos anos. Voltando à vida, ao expirar aquele prazo, encontraria invariavelmente sua grande obra convertida numa espécie de caderno de notas à toa, isto é, uma espécie de arena literária, para as conjecturas antagônicas, enigmas e rixas pessoais de rebanhos inteiros de comentaristas exasperados. Essas conjecturas, etc., que passavam sob o nome de anotações, ou emendas, verificavam-se haver tão completamente envolvido, torturado e sufocado e texto, que o autor era obrigado a sair de lanterna na mão, à busca de seu próprio livro. Ao descobri-lo, nunca merecia o trabalho da busca. Depois de reescrevê-lo, totalmente, cabia ainda, come dever obrigatório do historiador, pôr-se a trabalhar, imediatamente, em corrigir, de acordo com seu saber individual a e a sua experiência, as tradições do dia, concernente à época em que ele havia originalmente vivido. Ora, este processo de recomposição e retificação pessoal, levado a efeito por diferentes sábios, de tempos em tempos, tinha como resultado evitar que nossa história degenerasse em fábula completa.
— Peço-lhe perdão — disse o Dr. Ponnonner, neste ponto, pousando delicadamente sua mão sobre o braço do egípcio — peço-lhe perdão, senhor, mas posso ter a liberdade de interrompê-lo um instante?
— Perfeitamente, senhor — respondeu o Conde, afastando-se um pouco.
— Desejava fazer-lhe simplesmente uma pergunta — disse o Doutor. — O senhor se referiu à correção pessoal do historiador, nas tradições relativas à sua própria época. Rogo-lhe que que me diga, qual a proporção, em média, de verdade misturada. a essa Cabala?
— A Cabala, como o senhor muito bem definiu, gozava em geral de fama de estar justamente a par dos fatos relatados nas próprias histórias não reescritas, isto é, jamais se viu, em circunstâncias alguma um simples jota em qualquer deles, que não estivesse absoluta e radicalmente errado.
— Mas já que está perfeitamente claro — continuou o Doutor — que pelo menos cinco mil anos se passaram, desde que o senhor foi enterrado, tenho como certo que vossos anais daquele período, senão vossas tradições, eram suficientemente explícitos, a respeito daquele tópico de interesse universal, que é a Criação, a qual se realizou, como suponho que é de seu conhecimento, havia apenas dez séculos antes.
— O senhor! — disse o Conde Allamistakeo.
O Doutor repetiu suas observações, mas, somente depois de muita explicação adicional, foi que o estrangeiro pôde chegar a compreendê-las. Por mim, respondeu, hesitantemente:
— As idéias que o senhor me apresentou são, confesso, extremamente novas, para mim. No meu tempo, não conheci ninguém que sustentasse fantasia tão singular, como essa de que o universo (ou este mundo, se gostar mais) tivesse uma vez um começo. Lembro-me de que uma vez, uma vez apenas, ouvi algo de remotamente vago, de um homem de muito saber, a respeito da origem da raça humana, e esse homem empregava essa mesma palavra Adão (ou Terra Vermelha), de que o senhor fez uso. Empregava-a, porém, em sentido genérico, com referência à germinação espontânea do limo da terra (da mesma maneira por que são geradas milhares de criaturas dos mais baixos genera), a geração espontânea digo eu, de cinco vastas hordas de homens, simultaneamente brotada em cinco distintas e quase iguais divisões do globo.
Aqui, todos os presentes encolheram os ombros e um ou dois de nós tocou na fronte, com ar bastante significativo.
O Sr. Buckingham, depois de lançar ligeiro olhar para o occipício e depois para o sincipício de Allamistakeo, disse o seguinte:
— A longa duração da vida humana no seu tempo, e ainda mais a prática ocasional de passá-la, como o senhor explicou, a prestações, deve ter contribuído, na verdade, bastante poderosamente, para o desenvolvimento geral e acumulação do saber. Suponho, por conseqüência, que devemos atribuir a acentuada inferioridade dos velhos egípcios, em todos os ramos da ciência, quando comparados com os modernos e, mais especialmente, com os ianques, inteiramente à solidez mais considerável do crânio egípcio.
— Confesso novamente — respondeu o Conde, com bastante mansidão — que estou um tanto em dificuldade para compreendê-lo; por obséquio, a que ramos de ciência alude o senhor?
Aqui, todo o grupo, unindo as vozes, pormenorizou prolixamente, as aquisições da frenologia e as maravilhas do magnetismo animal.
Tendo-os ouvido até o fim, o Conde começou a contar algumas anedotas, que demonstraram terem florescido e fenecido no Egito, há tanto tempo, a ponto de terem sido quase esquecidas, tipo de Gall, Spurheim, de que os processos de Mesmer não passavam realmente de desprezíveis artifícios, quando comparados com os positivos milagres dos sábios tebanos, que criavam piolhos e muitos outros seres dessa espécie.
Nisto perguntei ao Conde se o seu povo era capaz de calcular eclipses. Ele sorriu, com certo desdém, e disse que era.
Isto me perturbou um pouco, mas comecei a fazer outras perguntas, a respeito de seu saber astronômico, quando um membro do grupo, que ainda não abrira a boca, cochichou a meu ouvido que, para informação a respeito do assunto, melhor seria que eu consultasse Ptolomeu (quem era esse tal de Ptolomeu?), bem como um tal Plutarco, no capítulo de facie lunae.
Interroguei depois a Múmia, a respeito de lentes convexas e doutra espécie, e, em geral, acerca da manufatura de vidro. Nas ainda não terminara eu minha pergunta e já o companheiro silencioso, de novo me tocava de mansinho o cotovelo e pedia-me, pelo amor de Deus, que desse uma olhadela em Diodoro Sículo. Quanto ao Conde, perguntou-me simplesmente, a modo de réplica, se nós modernos, possuímos microscópios, que nos permitissem gravar camafeus, no estilo dos egípcios. Enquanto pensava na maneira de responder a esta pergunta, o miúdo Doutor Ponnonner se pôs a falar de maneira verdadeiramente extraordinária.
— Veja a nossa arquitetura! — exclamou ele, com grande indignação dos dois viajantes que o beliscavam, mas sem resultado.
— Veja — gritou ele, com entusiasmo — a Fonte do Jogo de Bola de New York! Ou se o espetáculo é por demais imponente, contemple por um instante o Capitólio, em Washington, D. C.! — e o bom doutorzinho se pôs a pormenorizar, com toda a prolixidade, as proporções do edifício a que se referia. Explicou que só o pórtico estava adornado de não menos de vinte e quatro colunas, de cinco pés de diâmetro, e dez pés de distância uma das outras.
O Conde disse que lamentava não poder lembrar-se, justamente naquele momento, das dimensões precisas de qualquer dos principais edifícios da cidade de Aznac, cuja fundação se perdia na noite do Tempo, mas cujas ruínas estavam ainda de pé, na época do seu sepultamento, numa vasta planície arenosa, a oeste de Tebas. Lembrava-se, porém, (a propósito de pórticos) que um havia, pertencente a um palácio inferior, numa espécie de subúrbio chamado Carnac, e formado de cento e quarenta e quatro colunas, de trinta e sete pés de circunferência e distantes umas das outras vinte e cinco pés. Chegava-se do Nilo a esse pórtico, através duma avenida de duas milhas de extensão, formada de esfinges, estátuas e obeliscos, de vinte, de sessenta e de cem pés de altura. O próprio palácio (pelo que podia lembrar) tinha, só numa direção, duas milhas de comprimento e ao todo poderia ter cerca de sete de circuito. Suas paredes estavam todas ricamente pintadas, por dentro e por fora, de hieróglifos. Não pretendia afirmar que mesmo cinqüenta ou sessenta dos Capitólios do Doutor pudessem ter sido construídos, dentro daquelas paredes, mas de nenhum modo achava impossível que duzentos ou trezentos deles pudessem ser lá dentro comprimidos, sem muita dificuldade. Aquele palácio de Carnac não passava afinal duma insignificância. Ele (o Conde), porém, não podia em consciência recusar-se a admitir a engenhosidade, a magnificência e a superioridade da Fonte do Jogo da Bola, tal como foi descrita pelo Doutor. Nada de semelhante, era forçado a convir, fora jamais visto no Egito, nem em qualquer outra parte.
Perguntei então ao Conde qual sua opinião a respeito de nossas estradas de ferro.
— Nada de particular — respondeu ele.
Eram um tanto fracas, um tanto mal projetadas e toscamente construídas. Não podiam ser comparadas, por certo, com as estradas vastas, planas, retas e raiadas de ferro, sobre as quais os egípcios transportavam templos inteiros e sólidos obeliscos, de cento e cinqüenta pés de altura. Falei de nossas gigantescas forças mecânicas.
Concordou que alguma coisa conhecíamos nesse particular, mas indagou quanto teria eu de trabalhar, para levantar as cornijas sobre os dintéis, como do pequeno palácio de Carnac.
Resolvi não dar por ouvida esta pergunta e perguntei se ele tinha alguma idéia de poços artesianos, mas ergueu simplesmente as sobrancelhas, enquanto o Sr. Gliddon piscava fortemente para mim e dizia, em voz baixa, que fora descoberto um, recentemente, por engenheiros encarregados de canalizar água para o Grande Oásis.
Mencionei depois nosso aço, mas o estrangeiro levantou o nariz e perguntou-me se nosso aço podia ter executado o duro trabalho de insculpir os obeliscos, realizado totalmente com instrumentos cortantes de cobre.
Isto nos desconcertou tanto que achamos prudente mudar nosso ataque para a metafísica. Mandamos buscar um exemplar do livro, chamado o Relógio de Sol, e lemos um capítulo ou dois, a respeito dum assunto não bastante claro, mas que os bostonianos chamam de Grande Movimento do Progresso.
O Conde disse simplesmente que Grandes Movimentos eram coisas excessivamente comuns no seu tempo e quanto ao Progresso, foi, em certo tempo, uma completa calamidade, porém jamais progredira.
Falamos então da grande beleza e da importância da Democracia e muito nos esforçamos para fazer bem compreender ao Conde as vantagens de que gozávamos em viver num país onde havia sufrágio ad libitum, e não havia rei. Ele escutou com todo interesse e de fato mostrou-se não pouco divertido. Quando acabamos, disse ele que, há muitíssimo tempo, ocorrera algo bem semelhante. Treze províncias egípcias resolveram tornar-se imediatamente livres e dar assim um magnífico exemplo ao resto da humanidade. Reuniram-se seus sábios e cozinharam a mais engenhosa constituição, que é possível conceber-se. Durante algum tempo, as coisas correram admiravelmente bem, somente que seu costume de ufanar-se era prodigioso. A coisa acabou, porém, com a consolidação dos treze estados, com mais quinze ou vinte outros, no mais odioso e insuportável despotismo de que jamais se ouviu falar na superfície da Terra.
Perguntei o nome do tirano usurpador.
Tanto quanto podia lembrar-se, era POPULAÇA.
Não sabendo que dizer a isso, ergui a voz e deplorei que os egípcios não conhecessem o vapor.
O Conde olhou para mim com bastante espanto, mas não deu resposta. O cavalheiro silencioso, porém, deu-me uma violenta cotovelada nas costelas dizendo-me que eu já me havia suficientemente comprometido duma vez, e perguntou se eu era tão maluco, realmente, para não saber que a moderna máquina a vapor deriva da invenção de Hero, através de Salomão de Caus.
Estávamos agora em eminente perigo de sermos derrotados, mas nossa boa sorte fez que o Doutor Ponnonner, tendo-se reanimado, voltasse em nosso auxílio e perguntasse se o povo do Egito pretendia seriamente rivalizar com os modernos, em todas as importantíssimas particularidade, do trajo.
Ouvindo isto, o Conde baixou a vista sobre as alças de suas calças e, depois, pegando a ponta de uma das abas de sua casaca, levou-a até bem perto dos olhos, examinando-a, durante alguns minutos. Deixando-a cair, por fim, sua boca escancarou-se gradualmente, duma orelha à outra, mas não me recordo se ele disse qualquer coisa à guisa de resposta.
Neste momento, recuperamos nossas energias e o Doutor, aproximando-se da Múmia, com grande dignidade, rogou-lhe que lhe dissesse, com toda a franqueza, e sob sua honra de cavalheiro, se os egípcios tinham compreendido em alguma época, a fabricação, quer das pastilhas de Ponnonner, quer das pílulas de Bandreth.
Aguardávamos, com profunda ansiedade, uma resposta, mas foi em vão. A resposta não chegava. O egípcio enrubesceu e baixou a cabeça. Jamais houve triunfo mais consumado; jamais derrota alguma foi suportada de tão má vontade. De fato, não podia tolerar o espetáculo da mortificação da pobre Múmia. Peguei do chapéu, cumprimentei-a e despedi-me.
Ao chegar em casa, já passava das quatro horas e fui imediatamente para a cama. São agora dez horas da manhã. Estou de pé desde as sete, escrevendo estas notas, em benefício da minha família e da humanidade. Quanto à primeira, não mais a verei. Minha mulher é uma víbora. A verdade é que estou nauseado, até o mais íntimo, desta vida e do século dezenove em geral. Estou convencido de que tudo vai de pernas viradas. Além disso, estou ansioso por saber quem será o Presidente, em 2045. Portanto, logo que acabar de barbear-me e de tomar uma xícara de café, irei até a casa de Ponnonner fazer-me embalsamar per uns duzentos anos.
sábado, 24 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Pedra Leticia - Teorema de Carlão
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Indicados ao Oscar
Melhor filme:
- “Slumdog millionaire”
- “Frost/Nixon”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Milk - A voz da liberdade”
- “The reader”
Melhor diretor:
- Danny Boyle - “Slumdog millionaire”
- Ron Howard - “Frost/Nixon”
- David Fincher - “O curioso caso de Benjamin Button”
- Gus Van Sant - “Milk - A voz da liberdade”
- Stephen Daldry - "The reader"
Melhor ator:
- Mickey Rourke - “The wrestler”
- Sean Penn “Milk - A voz da liberdade”
- Frank Langella – “Frost/Nixon”
- Brad Pitt - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Richard Jenkins - "The visitor"
Melhor atriz:
- Meryl Streep – “Doubt”
- Kate Winslet – “The reader”
- Anne Hathaway – “O casamento de Rachel”
- Angelina Jolie – “A troca”
- Melissa Leo - "Frozen river"
Melhor ator coadjuvante:
- Heath Ledger - “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Josh Brolin - "Milk - A voz da liberdade"
- Robert Downey Jr. - "Trovão tropical"
- Philip Seymour Hoffman - "Doubt"
- Michael Shannon - "Revolutionary road"
Melhor atriz coadjuvante: - Amy Adams - "Doubt"
- Penélope Cruz - "Vicky Cristina Barcelona"
- Viola Davis - "Doubt"
- Taraji P. Henson - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Marisa Tomei - "The wrestler"
Melhor longa de animação:
- “Wall.E”
- “Kung Fu Panda”
- “Bolt – Supercão”
Melhor filme em língua estrangeira:
- "Revanche", de Gotz Spielmann (Áustria)
- "The class", de Laurent Cantet (França)
- "The Baader Meinhof Complex", de Uli Edel (Alemanha)
- "Waltz with Bashir", de Ari Folman (Israel)
- "Departures", de Yojiro Takita (Japão)
Melhor roteiro original:
- “Frozen river”
- “Na mira do chefe”
- “Wall.E”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Happy-go-lucky”
Melhor roteiro adaptado:
- “O caso curioso de Benjamin Button”
- “Doubt”
- “Frost/Nixon”
- “The reader”
- “Slumdog millionaire”
Melhor direção de arte:
- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “A duquesa”
- “Revolutionary road”
Melhor fotografia:
- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “The reader”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Slumdog millionaire”
Melhor mixagem de som:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Slumdog millionaire”
- “Wall.E”
- “Procurado”
Melhor edição de som:
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “Wall.E”
- “Procurado”
- “Slumdog millionaire”
Melhor trilha sonora original:
- Alexandre Desplat - “O curioso caso de Benjamin Button”
- James Newton Howard – “Defiance”
- Danny Elfman – “Milk – A voz da liberdade”
- Thomas Newman – “Wall.E”
- A.R. Rahman – “Slumdog millionaire”
Melhor canção original:
- “Down to Earth”, de Peter Gabriel and Thomas Newman - “Wall.E”
- “Jai Ho” de A.R. Rahman – “Slumdog millionaire”
- “O Saya”, de A.R. Rahman e Maya Arulpragasam – “Slumdog millionaire”
Melhor figurino:
- “Austrália”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “A duquesa”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Revolutionary road”
Melhor documentário de longa-metragem
- “The betrayal”
- “Encounters at the end of the world”
- “The garden”
- “Man on wire”
- “Trouble the water”
Melhor documentário de curta-metragem
- “The conscience of Nhem En”
- “The final inch”
- “Smile Pinki”
- “The witness - From the balcony of room 306”
Melhor edição
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Frost/Nixon”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Slumdog millionaire”
Melhores efeitos especiais:
- “Batman - O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
Melhor maquiagem:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Hellboy II – O exército dourado”
Melhor animação de curta-metragem
- “La maison en petits cubes”
- “Lavatory - Lovestory”
- “Oktapodi”
- “Presto”
- “This Way Up”
Melhor curta-metragem:
- “Auf der strecke (On the Line)”
- “Manon on the asphalt”
- “New Boy”
- “The Pig”
- “Spielzeugland (Toyland)”
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Viagem sem volta.
Uma charge antiga, umas das minhas preferidas dos personagens espinha e fimose do charges.com.br.
Dossiê RÊ BORDOSA.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Campus Party: Acesso de 10 Gbps está disponível no evento
Com a conexão de 10 Gbps (gigabits por segundo), classificada pelos organizadores do evento como um recorde , os participantes baixam filmes, músicas, tutoriais, jogam on-line, conversam com amigos via comunicadores instantâneos e, claro, espiam páginas do Orkut.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
IRON MAIDEM - BRASÍLIA
Divulgada as informações sobre a apresentação do Iron Maiden em Brasilia. O show sofreu mudança de local. Confira as informações abaixo:
IRON MAIDEN
Cidade: Brasilia
Data: 20/03/2009 (Sexta-feira)
Horário do show: 21h
Abertura dos portões: 16h
Local do evento: Estádio Mané Garrincha
Abertura de venda: 17 de janeiro
Classificação etária: 16 anos desacompanhado
Menores de 16 com autorização por escrito (disponível no site da LIVEPASS)
Informações de bilheteria:
Local: Estádio Mané Garrincha - Bilheteria Sul
Endereço: SRPN Estádio Mané Garrincha - Centro
Horário: das 10h às 18h
Forma de pagamento: Somente em dinheiro
SETOR PREÇOS DE MEIA ENTRADA
Pista Premium R$ 300,00
Pista R$ 130,00
Arquibancada Descoberta R$ 80,00
Arquibancada Superior R$ 70,00
Cadeira Coberta R$ 150,00
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
poesia de dylan thomas
AMOR NO HOSPÍCIO
Uma estranha chegou
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça,
Uma jovem louca como os pássaros
Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus
Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos,
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.
Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante,
Possuída pêlos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.
E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato
Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.
vi no OANCIÃODIZ
Cosplay
Mais reportagens exibidas por algumas emissoras.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
De volta
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
calendário dos festivais independentes de 2009
A Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) divulgou, no início do ano, o calendário de seus membros para 2009. Olha aí:
Humaitá Pra Peixe
Rio de Janeiro
9 a 31 de janeiro
www.humaitaprapeixe.com.br
……………………………………
Porto Musical
Recife
11 a 14 de fevereiro
www.portomusical.com.br
……………………………………
Psycho Carnival
Curitiba
19 a 24 de fevereiro
www.psychocarnival.com.br
……………………………………
Grito Rock América do Sul
50 cidades do Brasil e América do Sul
20 de fevereiro a 10 de março
www.gritorock.com.br
……………………………………
Recbeat
Recife
21 a 24 de fevereiro
http://recbeat.uol.com.br
……………………………………
Abril Pro Rock
Recife
17 e 18 de abril
www.abrilprorock.com.br
……………………………………
6º Tendencies Rock Festival
Palmas
23 a 25 de abril
www.tendenciesrock.com.br
……………………………………
5º PMW Rock Festival
Palmas
28 de abril a 1º de maio
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Festival Casarão
Porto Velho
30 de abril a 02 de maio
www.festivalcasarao.com.br
……………………………………
Semana da Música de Mato Grosso (SEMUS)
Cuiabá
Maio
www.semus.blogger.com.br
……………………………………
Eletronika - Festival de Novas Tendências Musicais
Belo Horizonte
7 a 10 de Maio
……………………………………
Festival Bananada
Goiânia
22 a 24 de maio
www.monstrodiscos.com.br/bananada
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BoomBahia
Salvador
10 a 12 de julho
www.boombahia.com.br
……………………………………
MADA
Natal
Agosto
www.festivalmada.com.br
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Porão do Rock
Brasília
14 e 15 de agosto
www.poraodorock.com.br (mas o link não está funcionando)
……………………………………
Ponto CE
Fortaleza
14 e 15 de agosto
www.pontoce.com.br
……………………………………
VII Festival Calango de Artes Integradas
Cuiabá
18 a 23 de agosto
www.festivalcalango.com.br
……………………………………
Feira da Música
Fortaleza
19 a 22 de agosto
www.feiramusica.com.br
……………………………………
Goiaba Rock
Inhumas (GO)
5 e 6 de setembro
www.goiabarock.com.br
……………………………………
Mostra Internacional de Música (MIMO)
Olinda (PE)
6 a 12 de setembro
www.mimo.art.br
……………………………………
Jambolada
Uberlândia (MG)
10 a 13 de setembro
www.jambolada.blogspot.com
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Vaca Amarela
Goiânia
18 e 19 de setembro
www.fosforocultural.com.br/vacaamarela
……………………………………
Festival Varadouro
Rio Branco
25 a 27 de setembro
www.festivalvaradouro.com.br
……………………………………
Festival Demo Sul
Londrina (PR)
9, 16 e 17 de outubro
www.demosul.com.br
……………………………………
Festival DoSol
Natal
7, 8, 11, 12 e 13 de novembro
www.dosol.com.br
……………………………………
Mix Music
São Paulo
13 a 15 de novembro
www.mixbrasil.org.br
……………………………………
Consciência Hip Hop
Cuiabá
13 a 15 de novembro
www.conscienciahiphop.org.br
……………………………………
GIG Rock
Porto Alegre
14 e 15 de novembro
www.beco203.com.br
……………………………………
El Mapa de Todos – Musica, Integração e Cultura Digital
Brasília
21 e 22 de novembro
www.senhorf.com.br
……………………………………
XV Goiânia Noise Festival
Goiânia
27 a 29 de novembro
www.goianianoisefestival.com.br
……………………………………
Festival Evidente
Rio de Janeiro
11 e 12 de dezembro
http://mmrecords.com.br
confira mais notícias sobre festivais e shows na região centro-oeste e brasil afora no CULT22.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Sepultura - A-Lex.
Assim como em "Dante XXI" (2006), álbum anterior baseado em "A Divina Comédia" (de Dante Alighieri), o Sepultura também se inspirou em um clássico da literatura neste novo disco. As canções de "A-Lex" remetem a "Laranja Mecânica" ("A Clockwork Orange", de 1962), livro do escritor inglês Anthony Burgess que conta a história do personagem Alex De Large --um fictício adolescente de quinze anos, amante de música clássica (principalmente a "Nona Sinfonia" de Beethoven), sexo e violência extrema. A história é mais conhecida pelo filme de Stanley Kubrick, de 1971.
Agendado para sair no final deste mês de janeiro, pode ser conferido na íntegra na Rádio UOL
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
sábado, 3 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Coisas de Vestibular...
- Napoleão Bonaparte foi o Visconde de Barbacena e D.Pedro II foi quem anexou o citoplasma ao Brasil.
Escreva as primeiras estrofes do Hino Nacional.
- Ouviro do Ipiranga magé esprácido de um povo heróico dobrado retumbante.
Qual o feminino de Deus?
- Nossa Senhora Aparecida.
Dê o nome de cinco tribos indígenas do Brasil.
- Pagé, Tupã, feiticeiro, curandeiro e benzedor.
O que é um barômetro?
- É um aparelho que serve para medir a prisão de ventre.
Como estava constituída a sociedade egípcia?
- Estava dividida em geografia, indústria, aritmética, cronologia e arquitetura científica.
O que eram as Olimpíadas?
- Era uma festa de jogo de futebol em homenagem ao faraó.
Escreva o que sabe sobre José Bonifácio.
- José Bonifácio foi quem falou para D.Pedro fazer aquilo isso, por isso foi chamadode Marte da Independência.
O que são retas paralelas?
- Retas paralelas têm quatro lados tortos.
Qual é a velocidade da luz?
- É de 90 graus.
Como se chama a vacina contra a picada da cobra?
- Vacina anti-cóbrica.
Dê o nome de duas eras geológicas.
- Ginecológica e organográfica.
Quando e por quem foi proclamada a Independência do Brasil?
- Foi em 1779, na cidade de Filadélfia e por Antônio Carlos.
Que título Simón Bolivar recebeu?
- Título de eleitor.
Vi no comédia