segunda-feira, 12 de agosto de 2013

LOBOS E CAPUZES VERMELHOS

José Marcelo
“Quanto mais doce a língua, mais afiados os dentes.”
Charles Perrault
 
Era uma vez uma garotinha que foi visitar a sua Vovó. O nome dessa garotinha era Chapeuzinho Vermelho e, mais tarde, ela se tornaria protagonista de um famoso conto de fadas que teve várias versões, umas contadas oralmente, outras escritas (a partir daquelas versões orais) — por escritores tão badalados como os Irmãos Grimm e Charles Perrault e outros nem tão famosos assim.
Mas vamos falar de Chapeuzinho Vermelho. Aquela mesma. Vestido curto, olhos claros, rosto inocente e lindo, um capuz e uma capa vermelhos. Ela carregava uma cesta cheia que ia levar para a casa da Vovó.
O Lobo a viu no instante em que ela entrou no bosque. Ele a desejou mais do que tudo e, com seu desejo, ele condenou-se.
Durante um tempo, o Lobo apenas acompanhou-a, sorrateiramente por entre a densa vegetação, os olhos amarelos faiscando, o pelo eriçado, o desejo aumentando.
Então, ele a abordou; não bruscamente como seria de se esperar, mas suavemente.
— Olá, linda garotinha — disse o Lobo.
— Olá — respondeu ela.
— Não sente medo, andando sozinha pelo bosque, garotinha?
— Por que sentiria? E meu nome não é garotinha, é Chapeuzinho Vermelho.
— Um nome apropriado.
— Isso não importa. Nomes nem sempre são apropriados, são apenas nomes. Agora tenho que ir.
— Por que a pressa?
— Vou para a casa da Vovó. Tenho que levar essa cesta para ela.
— Mas sua companhia me é agradável. Gostaria de conversar mais com a senhorita.
Chapeuzinho Vermelho olhou-o demoradamente, de um modo que deixou o Lobo inquieto. Chapeuzinho passou a língua pelos lábios e sorriu.
— Muito bem. Mas eu realmente não posso demorar muito. Vovó pode ficar preocupada.
— Sei que ela vai entender, quando você disser com quem estava.
—Sim.
Ela despiu-se do capuz e soltou os cabelos, macios, longos, claros como seus olhos. Olhos que eram verdes e azuis dependendo da luz.
A claridade de fim de tarde, filtrada por entre os galhos, era dourada, e o cheiro da relva era fresco e macio.
O Lobo desviou os olhos, o coração acelerado. Foi Chapeuzinho quem primeiro falou:
— Nada a dizer?
— Como? — O Lobo parecia confuso, piscou e, recuperando-se, sorriu. — Sim, naturalmente. Não quer sentar-se?
Ela sentou-se e colocou a cesta de lado. O Lobo deitou-se ao seu lado e sorriu.
— Você é uma garotinha estranha.
— Não sou tão nova quanto aparento.
— Entendo.
— Eu sei.
— Bem, qualquer pessoa teria medo em andar sozinha por esse bosque.
— Eu não. Sabe por quê?
— Não.
— Por que eu sei o que é a coisa mais perigosa do bosque, e também sei que ele não me feriria. Não aqui, não agora. Estou errada?
Um brilho de raiva passou pelos olhos do Lobo, mas tão rápido que provavelmente Chapeuzinho nem percebeu. Ou isso ou simplesmente ignorou-o.
— Não esteja tão certa.
— Mas eu estou.
O Lobo ergueu-se e sumiu por entre as folhagens. Era como se nunca estivesse estado ali. Mas ele ainda a observava, de algum lugar no bosque.
Chapeuzinho ergueu-se, arrumou o capuz, limpou a grama do vestido e pegou sua cesta; ela retomou sem caminho e, em nenhum momento, olhou para traz. O Lobo não percebeu que a mão que não segurava a cesta tremia levemente. O Lobo, então, teve uma idéia, e acelerou o passo. Chegaria primeiro à casa da Vovó.
A Vovó abriu a porta e morreu.
O Lobo não tinha tempo para sutilezas. Ele estava com pressa. Ele apoiou as patas sobre o peito da Vovó e começou a arrancar a pele e a carne da senhora. Uma enorme mancha vermelha como vinho antigo espalhou-se pelo assoalho e tornou-se preto no canto da sala. Ele arrancou o coração dela e colocou-o num prato sobre a mesa, recolheu um copo de sangue e colocou-o ao lado do prato.
Então limpou toda a sujeira, enfiou-se sob os lençóis e sobre a cama da Vovó.
E esperou.
Não teve que esperar muito. Logo ouviu Chapeuzinho Vermelho chamando.
— Entre — disse o Lobo, imitando a voz de uma velha senhora. — Entre, minha querida.
Chapeuzinho Vermelho abriu a porta, alegre, sorrindo, mas logo fez uma careta.
— Que cheiro estranho — disse ela.
— Não é nada. Não está com fome?
— Sim. Mas esse cheiro...
Chapeuzinho Vermelho largou a cesta no chão e disse:
— Para a senhora.
— Dispa-se.
— Sim, Vovó.
Ela obedeceu; tirou o capuz e o vestido, as sapatilhas e o pingente; novamente ela soltou os cabelos e agora seus olhos tinham uma tonalidade clara e suave.
— Queime suas roupas. — mandou o Lobo.
— Sim, Vovó. — Chapeuzinho jogou as roupas no fogo e ficou observando-as. O fogo dançava uma dança secreta.
— Agora, alimente-se. Você vai se sentir melhor.
— Sim, Vovó.
Ela sentou-se à mesa, comeu o coração de sua avó e bebeu o sangue.
— Agora, venha cá.
Ela caminhou até a cama, enfiou-se sob os lençóis e sentiu o pelo eriçado do Lobo. Ela aninhou-se junto a ele.
— Você não é minha avó — disse ela, calmamente.
— Não, não sou — respondeu o Lobo, desanimado. Ela era suave e macia como ele imaginara.
— Eu soube quando bebi o sangue. Pensei que fosse vinho, mas era sangue.
— Era.
— Tudo bem. Estava bom.
Ela passou a mão sobre o pelo do Lobo e fechou os olhos.
— Você me quer agora?
— Sim.
— Vai doer?
— Não muito.
— Eu confio em você — disse Chapeuzinho Vermelho e sorriu para o Lobo. — O que vem depois?
— Depois?
Ele não soube responder. Colocou carinhosamente a pata sobre ela, aproximou a boca da garganta dela e sentiu o cheiro dela. Ele lembrou-se de alguns tipos de flores que eram raras e desabrochavam apenas uma vez por ano; essas flores cheiravam assim. Como algo intocado e puro.
Na lareira, o fogo queimava as cinzas das roupas dela. Chapeuzinho Vermelho fechou os olhos. Na mesma hora a porta do guarda-roupas abriu-se e o corpo da Vovó, as entranhas penduradas e o rosto desfigurado numa expressão de surpresa e horror, parte da caveira aparecendo, apareceu como que para observar a cena com olhos esbugalhados.
— Que eu morrer, quero dizer. O que vem depois? — perguntou Chapeuzinho Vermelho.
— Não sei — teve que admitir o Lobo.
O Lobo beijou Chapeuzinho Vermelho primeiro, depois a matou rapidamente. Ficou com o focinho enfiado na ferida que lhe fizera na garganta, como se não quisesse mais sair de dentro dela.
Era alta madrugada e a lareira iluminava parcialmente o quarto. O Lobo estava sentado no chão, olhando pesarosamente para a cama. Chapeuzinho Vermelho, nua e morta, estava estendida sobre lençóis brancos manchados de sangue, os olhos fechados, calma como se estivesse dormindo. O Lobo não conseguira devorá-la. Mas por quê?, perguntava-se. Por quê? Ele não queria olhar para Chapeuzinho, mas não conseguia desviar os olhos.
— Por quê? — perguntava-se.
— Não é óbvio, animal estúpido? — disse a velha dentro do guarda-roupas. O Esforço de falar fizera escorrer sangue como baba de sua boca escancarada.
— Você deveria estar morta.
— Talvez. Mas minha neta não.
— Eu... sinto muito.
— Meio tarde para isso, não?
— Espere. Os mortos não falam.
— Não. Você está louco. É apenas isso.
— E o que importa?
— Você deve enterrá-la.
— Para que ela descanse em paz — insistiu a Vovó morta. — Você deve fazê-lo.
Com uma pá encontrada nos fundos e sob a lua cheia que era como um olho cheio de cicatrizes, ele cavou uma cova. Observado pelas criaturas do bosque, que se mantinham ocultas no escuro, pois ele era o Lobo, o ser mais perigoso do bosque, e todos o temiam, ele trouxe Chapeuzinho e colocou-a dentro da cova. Ele a cobriu de terra e voltou para dentro da cabana.
Sentou-se na cama, ergueu-se, pegou os lençóis e jogou-os no fogo da lareira; então fez uma tocha e começou a colocar fogo nos móveis e na madeira da casa.
Depois ficou observando o fogo erguer-se e consumir a casa rapidamente, como vermes na carne apodrecida.
Naquela noite, o Lobo subiu numa colina e uivou tristemente; mas dessa vez não era um lamento para a lua... Não, o lobo chorava por Chapeuzinho Vermelho.
Nessa noite, quando finalmente dormiu, o Lobo sonhou com seios cortados e flores brancas escurecendo rapidamente em um carmim que gotejava e gotejava. Ele andava por entre as flores e era como uma sombra maldita num lugar de luz e serenidade. Mas era uma paz falsa. Com seus sentidos aguçados ele podia perceber o mal, oculto nos cantos, entre as folhagens, na grama, nos espinhos que lhe arranhavam as patas. Ele exibiu os dentes, pontiagudos e a saliva acida. Começou a correr na direção do bosque e por um segundo viu uma mão acenando para ele, uma figura encapuzada (um capuz vermelho) ao longe. Então a figura desapareceu e ele duvidou que realmente a tivesse visto.
Ao amanhecer, ele voltou à casa da Vovó e lá havia apenas madeira queimada e cinzas, o esqueleto chamuscado de uma casa e nada mais. O Lobo deu a volta na casa e ficou diante da cova onde enterrara Chapeuzinho Vermelho. Os olhos dele estreitaram-se e ele recuou instintivamente. A cova fora violada, a terra revolvida. Ele farejou e escavou. Chapeuzinho Vermelho não estava lá.
Ele procurou pelo bosque e todos os habitantes da floresta, animais ou não, todos se esconderam. Então uma velha coruja aproximou-se e pousou num galho alto o suficiente para fugir se ele a atacasse e lhe contou o que acontecera.
— Foi tarde da noite — contou a Coruja. — Eu ouvi sons que não eram o da madeira crepitando no fogo ou mesmo carne velha cozinhando. Não. O fogo já se extinguira. Restara apenas uma fumaça de cheiro azedo subindo no ar. Era outro som. Como um eco de desespero. Era um cavar. Um cavar horrendo, cheio de angústia e terror. Não demorou e percebi de onde vinha. Vinha da cova de Chapeuzinho Vermelho. Seu tolo. Ela estava viva e tentava sair!
— Não. Impossível. Acha mesmo, Coruja, que não sei distinguir um corpo vivo de um morto?
— Sei que você bem o sabe, sim. Mas morta, eu lhe digo, ela não estava.
O Lobo estremeceu.
— Mas como é possível? — perguntou ele.
— E o que não é?
— Logo eu vi as pontas dos dedos de Chapeuzinho e o rosto dela e ela estava gritando e gritando e chorando. Ela arrastou-se para fora da cova, cuspindo terra, trêmula. Encolheu-se e ficou assim durante um tempo longo demais, não sei quanto. Então, ela ergueu-se e saiu da clareira e entrou no bosque. Eu a segui. Ela cambaleava entre as raízes até alcançar a trilha. Parecia desorientada. Uma figura estranha, coberta de terra e sangue seco. Ela caminhou até a estrada, onde caiu e ficou lá estendida, os olhos fitando vazios o céu, enquanto ao longe um lobo uivava... até que um carro passou e a levou.
O Lobo nada disse. A imagem de Chapeuzinho lutando para sair da cova o perseguia.
Mais tarde, quando a bala dos homens entrasse em sua carne e ele caísse no rio gelado, sendo arrastado pela forte correnteza, enquanto as balas ainda lhe eram disparadas, ele se lembraria do dia em que, depois de muitos anos, ele decidira novamente vestir a roupa e a aparência dos homens para ir à Vila dos Cantos à procura da garota que ele assassinara.
O Lobo chegou à vila ao amanhecer de um dia cheio de nuvens carregadas e chuva fina e fria. Encolhido dentro de um sobretudo surrado e fora de moda, ele atravessou a pequena ponte que era a entrada para a vila. Peixes nadavam e pulavam na água clara. Do outro lado da ponte, havia uma praça e na praça, uma igreja, bancos, árvores e um pub. O nome do pub era “A Toca” e o Lobo achou aquilo um bom presságio. Entrou no pub e o mesmo estava quase vazio. O Lobo foi até o balcão e um homem muito magro e muito alto perguntou-lhe o que queria.
— Algo para esquentar — disse o Lobo.
O homem assentiu e serviu-lhe uma dose de algo que o Lobo achou ácido demais, mas que realmente espantou um pouco do frio. Ele olhou ao redor. Dois homens jogavam xadrez de modo demasiadamente lento, como duas estátuas sem a menor vontade de mover-se. Uma mulher de roupas e gestos vulgares olhava triste um quadro na parede; no quadro, uma casa feita de doces. A mulher chorava silenciosamente.
O homem alto disse alguma coisa que ele não entendeu.
— Como?
— Perguntei se está só de passagem, veio visitar alguém ou o quê? — perguntou o homem, educadamente.
O Lobo pensou em dizer que estava só de passagem, mas pensou melhor:
— Vim visitar alguém, mas estou com um problema. Não sei onde essa pessoa mora. Talvez possa me ajudar.
— Como assim? Vem visitar uma pessoa e não sabe onde ela mora?
— Faz muitos anos que estive aqui — disse o Lobo, refletindo que isso era verdade.
— Muito bem — disse o homem alto, meio desconfiado. — Quem?
— Chapeuzinho Vermelho.
A expressão de desconfiança do homem mudou para pesar.
— Então você não sabe?
— O quê?
— Algo horrível aconteceu a ela.
— O que aconteceu?
— Ela foi atacada por ladrões quando foi visitar a avó dela. Os malditos a largaram no meio da estrada, em estado deplorável. E queimaram a casa da avó da menina. Pode acreditar? Na minha opinião, deviam ser alguns desses loucos que iam visitar a velha às vezes. Dizem que ela era bruxa, então se morreu queimada, foi algo bem merecido. Porém, Chapeuzinho não tinha que ver isso. Mas você é o quê? Algum parente?
— Isso. Um parente.
O homem alto assentiu, ensinou o caminho para o Lobo e disse que não precisava pagar a dose, é por conta da casa. O Lobo agradeceu e virou-se. Quase bateu de cara com a mulher que antes olhara o quadro. Os olhos dela ainda estavam úmidos.
— Eu o conheço? — perguntou ela. Ela o olhava atentamente, tentando lembrar de onde conhecia aquele homem de roupa surrada e modos estranhos. Sim, ele não era realmente estranho? O jeito como ele olhava tudo, como caminhava. Como se não se lembrasse mais o modo certo de fazê-lo.
— Não creio — respondeu ele, e saiu pela porta.
A casa de Chapeuzinho Vermelho ficava no fim de uma rua que subia num declive quase totalmente vertical, mas o Lobo, acostumado a correr no bosque por longas distâncias, não teve dificuldade em alcançá-la. Ele não bateu na porta imediatamente. Ouviu um rosnar e quando olhou, viu um enorme cachorro preto, o pelo curto e liso, latindo para ele. O Lobo exibiu os dentes e deixou o cachorro vislumbrar seus olhos amarelos. Foi o bastante para que o cachorro saísse correndo.
Quando tornou a olhar para a porta, levou um susto. Uma mulher estava parada na porta, olhando-o curiosa. A mãe de Chapeuzinho, adivinhou o Lobo.
— Posso ajudá-lo, senhor? — perguntou ela.
— Sim, quer dizer, estou procurando Chapeuzinho Vermelho.
A mulher olhou-o.
— E quem é o senhor? — perguntou ela.
— Mamãe?
Ele reconheceu a voz de Chapeuzinho e estremeceu. A chuva batia em seu chapéu e ele encolheu-se mais ainda.
— Entre — disse a mulher, e subiu os degraus que levavam ao andar superior.
O Lobo entrou e era uma sala espaçosa e confortável. Um degrau a separava da sala de jantar, onde havia uma enorme mesa de carvalho. Sobre a mesa, uma espingarda. O Lobo andou até a arma e pegou-a.
Estava examinando-a quando ouviu uma voz ríspida às suas costas:
— Solte-a já.
Ele virou-se. Um homem estava parado na porta, segurando uma caixa de balas e o olhava carrancudo. O Lobo soltou a arma.
— Desculpe. Eu não pretendia... Estava apenas admirando-a.
O homem passou por ele, colocou a caixa de balas sobre a mesa, ao lado da espingarda, e perguntou:
— Quem é o senhor?
— Amigo de Chapeuzinho.
— Estranho. Eu nunca o vi. Qual o seu nome?
— Wolfson.
— Nome engraçado.
— Nomes são apenas nomes.
— É verdade.
— Sua filha me disse isso.
— Como sabe que ela é minha filha?
— Ela o descreveu, certa vez.
— De onde a conhece?
— Ela disse para você subir — disse a mãe de Chapeuzinho, parada na escada.
Ele subiu. O quarto dela era o segundo no corredor. Chapeuzinho Vermelho estava no peitoril da janela, os joelhos apoiando o queixo, e olhava para a rua. A mãe de Chapeuzinho fechou a porta e o Lobo ouviu-a afastar-se.
— Não achei que o veria de novo — disse ela.
— Pensei que estivesse morta.
Ela virou-se para ele. Ainda estava pálida. Não havia nenhuma cicatriz em seu pescoço, apenas em seus olhos. Ela olhou-o com tristeza.
— Você cuidou para que isso fosse verdade, não foi?
Ambos falavam baixo, inconscientemente.
— Sim — respondeu ele, encabulado.
— Mas eu não morro tão fácil. Como pode ver, eu cicatrizo rapidamente também. Mas acordar dentro de uma sepultura, bem, não é fácil para uma garota de dezesseis anos. Não é fácil para ninguém, de qualquer modo.
— Sinto muito.
— Eu sei que sente, lobinho.
Ele estremeceu.
— Infelizmente eu não morri. Alguma coisa que minha avó fez comigo, imagino. Desde que eu era pequena, meus machucados, por mais que parecessem sérios, saravam depressa. Ela era uma bruxa, você deve saber. A minha avó.
— Ouvi algo.
— Você veio me matar?
Ele demorou a responder.
— Não sei — disse, finalmente.
— Não sabe ou não pode?
Ela desceu da janela, sentou-se na cama e olhou para o espelho no outro lado do quarto.
— Você... — começou a dizer o Lobo.
— Eu queria morrer, sabe. Por isso eu fiz tudo que me mandou fazer na casa da minha avó.
— Mas por quê?
— Por que eu queria morrer? Esqueça isso.
— Foi sua avó que me disse para enterrá-la. Levei um susto danado. Ela estava morta e falando comigo.
— Você deve ter imaginado.
— Talvez — disse ele, mas duvidava.
Os dois ficaram em silêncio. O Lobo andou até a janela. Depois virou-se e examinou o quarto atentamente. Havia um calendário perto do espelho; uma imagem de um lago profundo e a data: 18 de novembro de 1917.
— Não imaginei que tivesse passado tantos anos — Ele se referia ao tempo em que abandonara a humanidade e se tornara lobo. Ele a olhou. — Como me reconheceu?
— Lobo em pele de homem. Eu o reconheceria de qualquer modo. Em qualquer lugar.
— Eu vou embora.
— Por que veio aqui?
— Não sei. Talvez você seja tão bruxa quanto sua avó e tenha me enfeitiçado — disse ele, meio brincando, meio sério.
Ela sorriu, andou até ele e beijou-o, um beijo quente, demorado.
— Esse é o único feitiço que eu conheço.
— Eu ainda tenho seu cheiro em mim — ela disse e afastou-se. — Desde aquela noite.
— Eu vou embora.
— Você volta para me ver?
— ... Não. Esse lugar é perigoso demais para os da minha espécie.
— Então eu irei vê-lo no bosque.
— Eles permitirão que você volte lá, depois do que aconteceu?
— Eles não precisam saber.
A mãe de Chapeuzinho Vermelho entrou sem bater e encarou-os, desconfiada.
— Seu pai está inquieto com vocês dois aqui em cima, sozinhos — disse ela.
— Já estou de saída — disse o Lobo.
Na semana seguinte, Chapeuzinho Vermelho foi encontrar-se com o Lobo no bosque. Ela havia dito à sua mãe que iria dar uma volta pela cidade e, sim, mãe, vou me manter longe do bosque.
Quando alcançou a trilha que ia dar na casa de sua avó, Chapeuzinho soube que estava sendo observada. O Lobo saltou diante dela, o pelo escuro, os olhos amarelos, e observou-a atentamente.
— Você não me assusta – disse ela.
— Eu sei.
Ele farejou o ar.
— O que foi?
— Você foi seguida.
— Tem certeza? Eu tomei bastante cuidado e...
A bala acertou-o no ombro e ele ganiu. Chapeuzinho gritou. O Lobo caiu, pesadamente. Então, ergueu-se depressa.
Cavalos aproximavam-se rapidamente.
— Fuja — gritou Chapeuzinho.
Ele correu, um tanto lento por causa do ferimento, mas ainda rápido. As balas passavam por ele, arrancando lascas de árvores e terra. Ele olhou para traz e viu os cavalos e os homens armados sobre eles. Ele correu como nunca correra antes e, apesar daquele bosque ser sua morada a centenas de anos e o Lobo conhece-lo como a si mesmo, eles o encurralaram no alto de um precipício. Ele olhou para baixo e viu um rio sinuoso e que seguia a perder de vista. Olhou para traz e viu os homens armados chegando depressa. E saltou.
Os homens desceram dos cavalos e ainda estavam atirando nele quando ele atingiu a água e foi arrastado pela força da água.

              Chapeuzinho Vermelho, de joelhos no meio da trilha, chorava.
              Noite. Lua cheia. Não há uivos essa noite no bosque.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A morte do demônio

Amanhã é a (re)estréia da morte do demônio, na verdade uma regravação de um clássico.

Segundo a Sony Pictures, "O filme mais apavorante que você verá nessa vida",  a primeira filmagem de de 1981 foi o primeiro da sequencia, uma noite alucinante 2 e 3. Este de 2013 é com o diretor estreante Fede Alvarez.

Resta então esperar o lançamento de amanhã e ver no que vai dar...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Raul Seixas

Trago aqui um artigo interessante sobre Raul Seixas, do site pipoca e nanquim.


A Estratégia de Satan em Raul Seixas


Em seu excelente texto “A Segunda Queda de Lúcifer”, o doutor em História e escritor Ademir Luiz afirma: “a tal máxima de que o maior truque do Demônio foi fazer com que a humanidade não acreditasse que Ele existe não passa de bobagem”. Caso a coisa toda não seja apenas “uma bobagem”, Luiz entra, talvez inconscientemente, no jogo do Cão, ao complementar: “Se Ele de fato existisse, com certeza perderia a paciência e subiria à superfície para acabar com a bandalheira que andam fazendo com seu(s) Nome(s)”. Se o “Coisa-Ruim” realmente usa o truque, mais uma cabeça (muito) pensante o reforça. Mas não se pretende aqui falar do Diabo nem do escritor, e sim de alguém que, de certa forma, utilizou estratégia parecida, ao dar falsas pistas do que realmente pretendia, indicando caminhos que levavam a becos sem saída para todos aqueles que se aventuram a tentar entender o artista por meio das letras de suas músicas. O tema aqui é a negação-para-afirmar de Raul Seixas, o grande nome do rock brasileiro de todos os tempos.
Em uma de suas músicas mais conhecidas, “Cowboy Fora-da-lei”, o polêmico compositor declara: “Eu não sou besta pra tirar onda de herói / Sou vacinado, eu sou cowboy / Cowboy fora da lei”. Aparentemente, Raul (o próprio, não um mero personagem, dado o sempre presente tom autobiográfico de suas letras) não queria se comprometer, buscava a segurança da omissão e do anonimato. Parecia desejar a obscuridade, por ela não atrair inimigos (“Mamãe, não quero ser prefeito / Pode ser que eu seja eleito / E alguém pode querer me assassinar”), dava a entender que pretendia se isolar numa zona de conforto, tranquilo na segurança de quem não incomoda ninguém.
É óbvio que quem conhece, mesmo que superficialmente, a trajetória desse baiano ilustre, sabe que nada está mais distante da realidade: Raul nunca se negou a dar a cara a tapa, de ir contra a corrente, de enfrentar o “monstro SIST”, que Seixas chamava de “retado” e garantia: o tal bicho “tava” doido pra transar com ele, Raul. Levando a coisa para um âmbito mais inteligível: SIST é o “Sistema”, com seu conjunto de leis escritas e não-escritas, extremamente presentes em nosso modelo social contemporâneo (fonte). O mesmo Sistema que tanto perseguiu o cantor, tanto ideológica quanto fisicamente, nos tempos da ditadura, com tortura e exílio.
A história de “Cowboy fora da lei” é bastante interessante e tem a ver com o assunto principal aqui. Parceria de Raul e Cláudio Roberto, foi lançada em 1987 e inspirada em Tancredo Neves, cujas teorias de conspirações made in Brazil “informam” ter sido envenenado pelo regime militar, daí o trecho “Mamãe, não quero ser prefeito / Pode ser que eu seja eleito / E alguém pode querer me assassinar”. Fato curioso é que pesquisas daquela época davam Raul Seixas entre os preferidos do povo para a prefeitura de São Paulo (imagine só, Raul prefeito! Tão nonsense quanto Sílvio Santos na Presidência da República… ou não?). Na música, segundo algumas interpretações, há a insinuação de que os jornais mentiram ao dar a morte de Tancredo como algo decorrente de uma enfermidade casual (“Eu não preciso ler jornais / Mentir sozinho eu sou capaz”). Fechando a referência, a menção à partida prematura do Presidente quase-eleito (“Oh, coitado, foi tão cedo”).
Com base nisso, pode-se imaginar que Raul, já escaldado pelos embates e conflitos com essa sociedade violenta e radical, preferiu sossegar um pouco. Na verdade, o disco de 1987, Uah Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!, está entre os menos combativos do artista. Há até uma frase bem estranha na totalidade da atitude do cantor, “Não bulo com governo, com polícia, nem censura / É tudo gente fina, meu advogado jura”. Embora vestida de ironia, a declaração parece mostrar que o Velho Guerreiro (nada a ver com o Chacrinha) estava cansado. Impressão reforçada no disco de 1988, A Pedra do Gênesis, em que a letra de “Não quero mais andar na contra-mão” traz um Raul Seixas capaz de rejeitar “fumo”, “pó” e “perfume” trazidos por duas amigas e uma “titia”, respectivamente da Colômbia, Bolívia e Argentina. No mesmo disco, a estranhíssima “Areia da Ampulheta”, numa levada que lembra música gospel de segunda categoria, faz uma autobiografia resumida de alguém que se diz, entre outras coisas, “O ignorante cultivado”, “O cão raivoso inconsciente / O boi diário servido em pratos”, “O pivete encurralado”, “O triste-alegre adestrado”, “o que carrega a sua bandeira / De todo o lugar o mais desonrado / Nascido no lugar errado”. Ouvindo a canção pela primeira vez, o fã pode até (se) perguntar “Que Raul é esse?”, mas há evidências de que, por baixo de toda a cinza, existem ainda brasas:  “O vagabundo conformado / Sem nunca se ter reformado” dá bem a ideia de que o Maluco ainda continuava Beleza. No último verso, uma prova da fina ironia raulseixista: “Eu sou, eu sou você”. O filho da mãe descrevia, o tempo todo, não a si mesmo, mas àquele que o ouve!
E é nesse disco, também, que se encontra uma das músicas mais viscerais, em termos de letra, uma das que mais foram direto ao ponto, sem a recorrência das metáforas que pouquíssima gente, ainda hoje, entende: “A Lei”. O autor de “Gita” sempre fora um “cowboy fora da lei”, abraçando causas radicais e seguindo pessoas que a “sociedade” jamais aceitaria, como Aleister Crowley. Numa síntese das idéias do bruxo britânico, nosso Rei do Rock fez um rol de coisas que o Homem “pode fazer”, a saber: tudo. Simples assim. Evidente que a letra foi execrada por boa parte das pessoas e teve proibida sua execução em praticamente todas as rádios do país que receberam a bolacha. Defendendo nessa composição que “Todo homem tem direito de amar a quem quiser” (com o leque de opções escancarado em gênero, número e grau) e que “Todo homem tem direito de morrer quando quiser” (uma clara alusão ao suicídio como direito do ser humano), é de se duvidar que, por um segundo que fosse, Raul tenha acreditado que a música seria bem acolhida em solo tupiniquim. Mas, como se sabe, ele não dava a mínima para esse “detalhe”.
Comprando briga com a lei dos homens (“Todo o homem tem o direito de viver a não ser pela sua própria lei”) e com a lei de Deus (“Pois não existe Deus senão o homem”), ali estava o Raul que todos estavam acostumados a ouvir.
Foi o último disco de Raul, que morreu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos (descontando, obviamente, A Panela do Diabo, com Marcelo Nova, que mereceria um texto à parte).
O fato é que, assim como o Roupa Nova e Wando, Raul jamais deixou de ser tocado e cantado Brasil afora (analisa-se aqui a popularidade, desnecessário dizer – mas a gente diz assim mesmo! – que as praias do sexteto recordista em trilhas de novelas e a do brega mineiro Wanderley Alves dos Reis são muito outras!). E da mesma forma que Michael Jackson e Elvis Presley, Raul continua a vender depois de morto, guardadas, claro, as devidas proporções mercadológicas. Já foi tese de mestrado e doutorado inúmeras vezes, os livros, artigos e resenhas a seu respeito são incontáveis. Influenciou de forma interessante o pensamento e a ideologia de gente sem acesso à filosofia convencional. Mas tornou familiares a essa parcela do público nomes como Sócrates, Platão, Sartre.
A principal referência, contudo, foi Schopenhauer (fonte), citado sutilmente em “Trem 103”, de 1968: “Eu quero voltar / Por onde eu vim” remete à schopenhaueriana frase “Consciente de voltar por onde vim”, em “A hora do trem passar” (1973, “Já não sei se é hora de partir ou de chegar”) e em 1974, com o trem mais famoso, o “das Sete”. Mas a citação mais comentada de Schopenhauer em Raul é mesmo “Mosca na Sopa”: o filósofo alemão escreveu “Se a mosca, que agora zumbe em torno de mim, morre à noite, e na primavera zumbe outra mosca nascida de seu ovo, isso em si é a mesma coisa”, e Raul aproveitou a imagem criando uma mosca que pintou pra abusar e sacudir a mesmice e o marasmo das pessoas acomodadas; estas, quando finalmente conseguem matar uma mosca, imediatamente são acossadas por outra que vem no lugar da finada. Mosca-consciência, mosca pergunta-que-não-quer-calar, mosca de mil interpretações, como, aliás, quase tudo em Raul. Para não deixar dúvidas a respeito da fonte de onde mais bebeu (a ponto de dizer numa entrevista que o início da “metamorfose ambulante” se dera com a leitura do germânico), Raul se apropria de um trecho do capítulo “Morte” (do livro de Schopenhauer “Dores do Mundo”) para usar em “Nuit”, presente em seu álbum com Marcelo Nova: “E quão longa é a noite, / a noite eterna do tempo / se comparada ao curto sonho da vida”.
Um dado interessante é que, em meio a esse verdadeiro fluxo ferroviário metafórico (tantos trens…), em sua última obra Raul dava sinais de que pretendia dar um rumo novo à sua existência: na música “Carpinteiro do Universo”, do disco com Nova, declara estar sempre “sempre tentando mudar a direção do trem”. O que ele queria dizer com isso? Seria mais uma negação para melhor afirmar? Ou estaria ele “falando sério”? Infelizmente, A Panela do Diabofoi o canto do cisne do artista, e jamais se saberá que nova metamorfose estava a caminho…
Em tempo: há uma adaptação para os quadrinhos, em 3 páginas, por Maringoni, da letra de “Cowboy fora da lei” que você pode conferir aqui.
Por Celso Moraes de Faria

terça-feira, 16 de abril de 2013

Mama - Andy Muschietti


Em Mama as irmãs Victoria e Lilly são raptadaas pelo pai e levadas até uma cabana abandonada no meio da floresta, onde um espírito passa a tomar conta delas. Quando são encontradas e reintroduzidas na sociedade, o tio delas fica co a guarda, e passa a cria-las com a ajuda da namorada. O problema é que a entidade da cabana segue as meninas até a nova casa...


Direção: Andrés Muschietti, o mesmo que está da direção da refilmagem do filme: A morte do demônio.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dor de cotovelo

Uma odiosa serie de dor de cotovelo de macho...

Ela roubou meu caminhão
Matanza


Ela roubou meu caminão
Ela roubou meu caminão

Ela escreveu dizendo
que não me aguentava mais
e foi embora com meu caminhão.

Foi embora e me deixou aqui.
Foi embora e me deixou aqui.

Quando eu acordei e vi meu caminhão
não tava mais
e nunca mais na vida eu vou dormir.

Eu que tinha até tatuado o nome dela
Eu pensava nela toda noite nesses dez anos
que eu passei trancado naquela prisão.

Essa foi demais
Isso não se faz
Ninguém vai acreditar
Ela roubou meu caminhão

Ela já deve estar bem longe daqui.
Ela já deve estar bem longe daqui.

Daqui pode ter pego qualquer rodovia federal
e foi reto na reta até sumir.

Só me pergunto o que é que aconteceu.
Só me pergunto o que é que aconteceu.

Ela ter ido embora tudo bem
eu não tô nem aí
perder meu caminhão
foi que doeu

Eu que tinha até tatuado o nome dela.
Eu pensava nela
toda noite nesses dez anos
que eu passei trancado naquela prisão.

Essa foi demais
Isso não se faz
Ninguém vai acreditar
Ela roubou meu caminhão.

Sinceramente eu pensei que dessa vez
fosse me regenerar
trabalhando honestamente
com esposa e cuidando do lar.

Uma vida bem normal
para envelhecer em paz
mas o destino quis assim agora tanto faz.
Do bar não saio nunca mais


Ela roubou meu caminão
Ela roubou meu caminão


Ela escreveu dizendo
que não me aguentava mais
e foi embora com meu caminhão.

.Foi embora e me deixou aqui.Foi embora e me deixou aqui.

Quando eu acordei e vi meu caminhão
não tava mais
e nunca mais na vida eu vou dormir.

Eu que tinha até tatuado o nome dela.
Eu pensava nela
toda noite nesses dez anos
que eu passei trancado naquela prisão.

Essa foi demais
Isso não se faz
Ninguém vai acreditar
Ela roubou meu caminhão.

domingo, 14 de abril de 2013

Civilization

Para quem conhece a serie civilization para computador criado por Cid Meier, que lembra um pouco Age of Empires, existe um jogo de tabuleiro que é traz para a mesa o jogo muito jogado no computador, o civilization boardgame criado em 2002, tendo os mecanismos digitais transportados para a "realidade".
Com regras cheias de detalhes, um pouco difícil de pegar no começo, mas com uma generosa dose de diversão depois disso.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Foto tirada com iphone e editada no intangram é capa do NEW YORK TIMES



O jornal estampou na sua capa uma foto do Nick Laham, que utilizou um Iphone e editou só no aplicativo Instagram.

Mostrando que não precisa necessariamente ter um equipamento de primeira linha para fazer uma foto boa.

terça-feira, 9 de abril de 2013

sábado, 6 de abril de 2013

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dor de cotovelo

Uma odiosa série de dor de cotovelo de macho...

Bota com buraco de bala



Hoje ela se foi pra nunca mais
E se eu a conheço acho ruim que volte atrás
Lá vou eu pro bar ficar das oito da manhã até
de noite no bilhar
E se um dia ela quiser falar comigo nem vai ter que procurar

E só o que sobrou na minha bota foi um buraco de bala
É a maneira carinhosa que ela tem de me dizer
Que não quer ver o meu focinho nunca mais
Se ela pensa que vai me deter
Nem que seja no inferno ela vai ter que me dizer
O que foi que eu fiz?
Baby, que eu já nem me lembro mais

Diz que me odeia e me amaldiçoa
Mas vai morrer de raiva se me vir com outra pessoa
Eu sie que ela me ama e eu vivo só por isso
Mas não exatamente o paraíso
Com ela eu não discuto é sempre "sim senhora"
E quando fica puta pega as coisas e vai embora
E não há nada que eu diga, não há nada que eu peça
Com essa vagabunda não consigo ter um pingo de conversa

E só o que sobrou na minha bota foi um buraco de bala (3X)
E só o que sobrou na minga bota foiiii.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Oasis


No centro da cidade de Goiânia um oasis de tranquilidade confronta um caos urbano...