sábado, 19 de julho de 2008

Das Trevas, vem o Cavaleiro

O filme do ano demonstra que é possivel fazer blockbusters que sejam inteligentes e instigantes.

O melhor filme do ano começa com uma seqüência digna dos grandes filmes de assalto dos anos 1970. É um prólogo instigante que serve para introduzir o Coringa. Não um Coringa que se parece mais com um palhaço malvado, como algumas pessoas insistem. Este Coringa é o mesmo de quadrinhos como “A Piada Mortal” e “O Longo dia das Bruxas”, para falar de apenas duas obras primas onde o arquiinimigo do Batman exibe sua maestria e que são citadas no decorrer do filme. Em sua interpretação, Heath Ledger exibe nuances insuspeitas. O ator nunca erra o tom. O coringa aqui é um ser assustador – muito assustador – em sua orgia rumo ao caos. Ele é imprevisível, masoquista, cruel e brilhante. É violento e engraçado. Simplesmente antológico. Não é por acaso que se fala em uma indicação póstuma ao Oscar.

Mas se o Oscar fosse realmente um prêmio justo (dificilmente o é), o diretor Christopher Nolan mereceria no mínimo uma indicação. Ele rege “O Cavaleiro das Trevas” como uma sinfonia de diversos gêneros (policial, drama, terror, ação, adaptação em quadrinhos) que nunca se sobrepõem de maneira confusa ou obtusa. Pelo contrário, o filme é um amálgama perfeito de gêneros, com espaço para desenvolvimento de todos os personagens que nunca deixam de interessar. Com subtramas que nunca confundem mas que na verdade agilizam o desenvolvimento da ação, Christopher Nolan e seu irmão Jonathan Nolan mais uma vez demonstram que é possível escrever roteiros de filmes que sejam a um tempo grandiosos e imprevisíveis. Você nunca sabe aonde a história via levar. A única certeza é que tudo – absolutamente tudo – pode acontecer. De quantos filmes pode se dizer isso hoje em dia? As cenas de ação – infinitamente superiores ao primeiro filme – são todas impressionantes. Melhor, são empolgantes.

Quando Harvey Dent, James Gordon, Bruce Wayne (Batman), Lucius Fox, Alfred, Rachel ou o Coringa aparecem na tela você nunca sabe o que pode lhes acontecer a seguir. Você se preocupa com os personagens, graças ao roteiro perfeito (outra indicação ao Oscar). A única coisa que você precisa saber sobre a história é que o Coringa chegou e quer transformar Gothan City no Caos assim como infernizar Batman. Saber mais que isso apenas atrapalha. Vá de olhos fechados e aproveite. Bem vindo a um mundo sem regras.

O único problema de “O Cavaleiro das Trevas” é que qualquer adaptação de histórias em quadrinhos – as antigas e as novas – de agora em diante tem um novo patamar a atingir; tudo parece fraco e mal feito perto do novo filme do Batman.

“O Cavaleiro das Trevas” é um daqueles filmes que surgem apenas de tempos em tempos para renovar a nossa esperança no cinema que hoje em dia anda previsível e chato.

É um filme cinco estrelas. Nota 10.

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