segunda-feira, 9 de outubro de 2006

As aventuras de um cinéfilo

Quarta-feira.

— Vai ao cinema essa semana?

— Na sexta. Quero ver A Dália Negra, o novo filme do Brian de Palma adaptado do livro de James Elroy, que deve ser muito legal. O trailer é ótimo.

—Legal.

Sexta-feira.

Acordo pouco antes das sete. O tempo está cinzento e abafado, talvez chova, mas definitivamente vai esquentar. Vou para a beira da rodovia. Sorte ou não, o ônibus passa rapidamente e cerca de uma hora depois eu desço no centro de Goiânia.

Ótimo. Primeiro, vamos ao laboratório fazer um exame do tipo deita-aí-fica-quieto-e-toma-essa-injeção. Ai. Nada demais. Depois, uma volta pelas livrarias (de livros usados, que não sou montado em grana, poxa vida).

—Ei, esse é o preço do livro? É esse mesmo? (Buck 8, de Stephen King)

É sim. Tá na promoção.

Promoção? O preço do livro ali era de 18,90, sendo que o mesmo livro, uma coleção de capa dura, foi lançado nas bancas a menos de um mês, por 18,00! Acho melhor nem comentar e saio de lá calado. Na verdade, essa é uma comum nos sebos de Goiânia, com raras exceções. Os livros usados custam quase o preço dos novos, quando não os ultrapassam.No caso dos DVDs é mais grave ainda. Duvida? Confira. É. Eu sei. É revoltante. Mas embora freqüente, não é regra e, em outro sebo, encontro ótimos livros a 3,00 cada. Tá bom.

Agora, Dália Negra! E então... O horror... O horror... O filme só estava passando nos shoppings (onde o preço do ingresso varia de 12,00 a 14,00 reais). Ai me bolso.

Bem, melhor ver outro filme. Ei, Hard Candy, ou Menina-Má-Ponto-Com (nome mais baste esse brazuca), com a gatinha Ellen Page, um suspense super elogiado está passando no Banana Shoping. Vou lá ver.

Chego lá por volta de uma da tarde. A sessão é às 3:15! Tudo bem, eu espero.O tempo passa lentamente quando se espera, alguém que eu não me lembro agora disse. É verdade. Enquanto isso, dou uma lida rápida nos livros e gibis que comprei, dou uma boa olhada nas garotas bonitas que passam, tomo um suco. Tudo sem pressa que tenho muito tempo. E chega 3:00. Oba. Vou na bilheteria.

A garota atrás do vidro tem cabelos escuros longos e é muito bonita. Ela fala no microfone que Menina-Má-Ponto-Com teve sua primeira sessão cancelada, já que a cópia do filme ainda não havia chegado.

E agora? Ônibus para voltar para casa só no fim da tarde. Melhor ver outro filme. Poxa, quanta porcaria em cartaz (sou que fiquei pedante ou os filmes atuais estão uma porcaria). Ei, A Haunting American está passando. (Título brazuca: Maldição. Beleergh, nome mais clichê). Pago a entrada, espero liberarem a entrada. E, penso, pelo menos é um terror, não deve ser ruim.

Acontece que é. É muito, muito ruim. Uma porcaria. Péssimo. O pior filme que vi nesse ano. E no ano passado. História horrível, mal contada da p...! Saí do cinema com a certeza de ter desperdiçado tempo e dinheiro.

A história? Ah, aparentemente família é amaldiçoada por uma bruxa e a filha gostosinha é atacada por um espírito safado. Dá pra ver que, apesar de manjada, a história rendia um filme legal, mas o diretor-roterista horrendo (esqueci o nome dele) torna a história patética e consegue piorar tudo com um final moralista e tosco a ufa. Sério. O final tenta ser chocante, mas só conseguiu me irritar. E olha que adoro coisas chocantes.

Antes tivesse visto o filme do Casseta e Planeta. Nesse, eu pelo menos ia rir.

Depois dessa, só me restou voltar para Jamil City. Mas tudo bem, semana que vem volto em Goiânia e dessa vez vou ver um filme que presta?

Conseguirei?

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa narrativa, quase confundi com Morpheus quando entra no inferno em busca de "nada".