Estava sentado num bar noite dessas, falando razoavelmente alto sobre uma pessoa a quem odeio. Então um homem barbudo se sentou ao meu lado e disse de forma discreta: “Por que você não manda matá-lo?”
“Já pensei nisso,” eu disse. “Não pense que não”.
“Deixe eu te ajudar a pensar nisso com clareza”, ele disse. Sua voz era profunda. Ele tinha o focinho grande. Usava terno preto fora de moda e gravata estreita. Sua pequena boca era obscena. “Você está olhando essa situação através de uma névoa vermelha de ódio”, ele disse. “Você precisa da cautela e perspicácia de um consultor de assassinatos que possa planejar o serviço para você e te economizar uma visita desnecessária ao xadrez”.
“Onde encontro um?”, eu disse.
“Você já encontrou um”, ele disse.
Kurt Vonnegut
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